São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995
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Ataque mata sete civis em Sarajevo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um bombardeio matou pelo menos sete civis e deixou 12 feridos ontem em Dobrinja, um bairro muçulmano próximo do aeroporto de Sarajevo, informou o Ministério da Saúde da Bósnia.
As vítimas estavam numa fila para apanhar água numa fonte pública diante de uma escola.
Grupos de pessoas reunidas para apanhar água em fontes tornaram-se alvos fáceis desde que os rebeldes sérvios cortaram o acesso de suprimentos à capital bósnia.
Moradores de Dobrinja procuram água em escolas porque elas possuem alguma proteção em relação a ataques.
Testemunhas disseram que o ataque, feito com bomba ou com tiros de artilharia, atingiu as pessoas que estavam no meio da fila através de um buraco aberto no telhado por um ataque anterior.
Na quinta-feira passada, o Exército do governo bósnio lançou uma ofensiva contra as posições dos rebeldes sérvios nos arredores de Sarajevo, com o objetivo de romper o cerco da cidade, iniciado há três anos.
As forças sérvias, que superam com grande vantagem em artilharia as tropas governamentais, geralmente respondem às ofensivas com bombardeios de áreas civis.
Muitos habitantes de Sarajevo passam os dias em abrigos subterrâneos para fugir de bombardeios.
Mas a falta de água corrente, cujo suprimento foi cortado pelos sérvios junto com a eletricidade, o gás e a ajuda humanitária, força a população a enfrentar o perigo em filas para tentar obter água.
O presidente da Bósnia, Alija Izetbegovic, disse ontem que estaria disposto a restringir as ofensivas das tropas governamentais se os rebeldes sérvios retirarem as armas pesadas em um raio de 20 km em torno de Sarajevo, permitirem a abertura do aeroporto e o acesso da ajuda humanitária.
Izetbegovic afirmou, na presença dos embaixadores da França e da Alemanha, que seu governo estaria disposto a aceitar um amplo cessar-fogo em toda a república.
Em troca, quer que os líderes bósnio-sérvios aceitem o plano de paz proposto no ano passado pelo Grupo de Contato, formado pelos Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha, e rejeitado pelos rebeldes.
"Se for possível obter um acordo por meios políticos, nós limitaremos quaisquer ações militares no futuro", declarou Izetbegovic.

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