São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
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Malan e Serra negam protecionismo em cotas

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Pedro Malan (Fazenda) refutou ontem as avaliações segundo as quais haveria uma tendência protecionista no Brasil por causa da adoção de cotas para importações de veículos.
``Vamos resistir a todas as tentações protecionistas", afirmou. Segundo Malan, até os governos mais ``puritanos" na defesa de mercados livres adotam medidas de proteção para aumentar a competitividade de suas indústrias.
Falando na cúpula econômica do Mercosul, em São Paulo, Malan disse que o objetivo da MP (medida provisória) da indústria automobilística é aumentar a produção exportável de veículos.
Ele afirmou que a redução da alíquota de importação de máquinas e equipamentos para a produção de veículos para 2% vai aumentar a competitividade da indústria brasileira no exterior.
``É isso que está em questão", afirmou. ``É isso que a Argentina está fazendo com competência há algum tempo e é isso que pretendemos fazer", disse.
``O Brasil não quer restringir o comércio, mas sim aumentar o seu poder de competição, tanto doméstica como internacionalmente", afirmou Malan.
O ministro José Serra (Planejamento) também disse que as cotas para importação de carros não significam a volta ao protecionismo.
Ele afirmou na cúpula econômica do Mercosul que o novo regime para a indústria automotiva é de abertura competitiva.
``O regime impõe uma abertura maior do setor através da possibilidade de importar bens de capital e autopeças para a indústria automobilística com tarifas reduzidas."
Serra disse que o Brasil vai caminhar para um regime ``assemelhado" ao da Argentina, com o estabelecimento ``mais para o fim do século" de um regime comum.
``Dentro dessa perspectiva a essa MP não constitui um recurso de natureza protecionista relacionado com a política de substituição de exportações do passado."
Serra afirmou que a atual estratégia não é de substituição de importações mas de maior abertura do setor, tendo uma característica transitória.
Assim como Malan, Serra enfatizou que a indústria automobilística é um setor que merece a atenção da maioria dos países industrializados. ``É um setor específico que exige um tratamento específico", afirmou.
Juros
Mesmo reconhecendo que "não há quem aguente os altos juros" e que "os empresários têm razão para chorar", o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o arrocho ao crédito vai continuar.
"A política de juros altos não é uma maldade", afirmou, durante palestra a empresários na cúpula econômica do Mercosul.
"Ela é necessária para 'pilotar' a economia."
Os juros estão altos, afirmou, porque o governo não pode permitir as pressões inflacionárias causadas pelo superaquecimento da economia.

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