São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
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Chile pode aderir a acordo em 12 meses

DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 22/06/95
As negociações para a entrada do Chile no Mercosul (Mercado Comum do Sul) estarão concluídas dentro de 12 meses, previu, ontem, José Miguel Insulza, ministro das Relações Exteriores do Chile.
``O Chile é totalmente a favor do comércio livre no hemisfério até o ano 2005", disse na cúpula econômica do Mercosul.
Insulza afirmou que também espera progresso das negociações do Chile com o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), Equador, México e peru.
O ministro José Serra (Planejamento) concordou que dentro de um ano o Mercosul contará com a participação do Chile e também da Venezuela.
``Dentro desse período deveremos ter definido um tipo de aproximação maior de outras economias como a chilena e a venezuelana", disse.
Serra afirmou que o aspecto ``fundamental" para a criação de um acordo de livre comércio nas Américas, nos próximos 12 meses, é a consolidação dos processos de estabilização econômica em andamento em vários países da região.
``Sem essa consolidação, que é central, o processo de integração inegavelmente sofre tropeços", disse.
Advertência
Durante a cúpula econômica do Mercosul, o subsecretário de Estado dos EUA para Assuntos Americanos, Alexander Watson, disse que o Brasil e outros países latino-americanos podem perder investimentos se não mantiverem constantes suas regras comerciais.
``A mudança nas regras contraria o espírito de livre comércio e é um fator muito problemático. É o tipo de coisa que pode desestimular investimentos", disse Watson.
O funcionário americano disse esperar ``que seja verdade" que as medidas restritivas às importações do Brasil serão ``levantadas brevemente".
Segundo Watson, muitos investidores internacionais ``entendem" que os países latino-americanos venham adotando medidas emergenciais desde a crise do México, no final do ano passado, para ajustar suas economias.
``Temos confiança de que os dois governos (da Argentina e do Brasil) conseguirão resolver suas diferenças", disse Watson. ``Mas isso deve ser feito no prazo mais curto possível para que não seja afetado todo o esforço do hemisfério para se chegar à área de livre comércio daqui a uma década", disse.
Em entrevista à Folha, o ministro do Planejamento do Paraguai, Raul Cubas, considerou ``normal" o impasse entre Brasil e Argentina. ``Em uma integração como a do Mercosul, feita num prazo muito curto, necessariamente teremos impasses deste tipo", disse.
Cubas teme que a política econômica brasileira, de manter o dólar desvalorizado em relação ao real, ``influa nas exportações do Brasil" e obrigue o país a exercer maior controle sobre suas compras. ``Isso não seria um benefício para ninguém", afirmou.

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