São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
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FHC defende cota mais favorável para a Argentina

CLÓVIS ROSSI; CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso assegurou ontem que os carros importados da Argentina terão regras melhores, ou cotas mais generosas, do que as aplicadas para outros países.
Em entrevista coletiva ontem, em São Paulo, um jornalista argentino perguntou a FHC: ``O senhor confirma que a MP que impõe cotas à importação de carros atinge igualmente o Mercosul?"
``Não, não confirmo", respondeu FHC. ``Haverá exceção e estamos negociando essas exceções."
Na verdade, os governos do Brasil e Argentina dividiram o problema em dois: importação brasileira de carros argentinos e investimentos das montadoras de automóveis em cada país.
A primeira parte ficou assim: nos próximos 30 dias, os carros importados da Argentina pagam imposto zero e não sofrem qualquer limite de entrada.
E nesses 30 dias, Brasil e Argentina acertarão novas regras para o comércio de carros entre os dois países. Em qualquer caso, o Brasil dará aos carros provenientes da Argentina condições melhores do que os de outros países.
Esse é um dos resultados das reuniões ocorridas ontem, em São Paulo, entre os quatro presidentes dos países do Mercosul, Fernando Henrique Cardoso, Carlos Menem, da Argentina, Julio Maria Sanguinetti, do Uruguai, e Juan Carlos Wasmosy, do Uruguai.
Essas negociações procuraram superar a crise ocorrida desde que o governo brasileiro baixou uma medida provisória limitando a importação de carros e estabelecendo benefícios para a produção interna.
FHC e Menem dizem que há diferenças de pontos de vista, mas trataram de minimizá-las. São ``pequenas diferenças que vamos resolver", disse Menem a uma platéia de empresários internacionais ligados ao World Economic Forum, que patrocinou a reunião de cúpula do Mercosul, realizada no hotel Sheraton Mofarrej.
À mesma platéia, FHC disse que não há crise entre os dois países, mas divergências que, por exemplo, são muito menores do que as verificadas no processo de integração da União Européia.
O Brasil, disse FHC, gastou US$ 1,4 bilhão de dólares com a importação de carros no ano passado. Apenas 10% disso foi gasto com carros argentinos. ``Ora, é, portanto, um problema menor, de fácil solução", comentou.
FHC lembrou ainda que o Brasil já concordou em aumentar unilateralmente as compras de petróleo argentino para equilibrar as contas entre os países, então excessivamente favoráveis ao Brasil.

LEIA MAIS
sobre a cúpula nas páginas 1-5 a 1-8

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