São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
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Antidepressivo pode elevar risco de infarto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pesquisadores das universidades Brown e de Rhode Island (ambas nos EUA) concluíram que o uso de alguns antidepressivos pode aumentar em até seis vezes o risco de ataques do coração.
"Nós já sabemos que os antidepressivos podem afetar o batimento cardíaco e a pressão sanguínea", disse Kate Lapane, líder da equipe responsável pelo estudo. "Agora temos indícios que eles podem contribuir para ataques do coração", acrescenta.
O estudo, publicado na edição de junho da revista "Epidemiology", envolveu aproximadamente 6.000 pessoas e durou seis anos. Os participantes não possuíam problemas cardíacos.
O artigo informa que "um efeito colateral de drogas psicotrópicas (que atuam no sistema nervoso, como calmantes ou estimulantes) em doenças cardiovasculares representaria um problema de saúde pública significativo, uma vez que o uso desse tipo de droga é grande e está aumentando".
Os cientistas colheram amostras do sangue dos voluntários para verificar a evolução de seu nível de colesterol, além de medir a pressão arterial e realizar entrevistas.
Os principais antidepressivos ligados à ocorrência de problemas eram da classe dos tricíclicos, muito populares comercialmente.
Os voluntários que não consumiram antidepressivos apresentaram, em média, menos da metade de ocorrências de complicações no coração.
Psicotrópicos mais modernos -como o Prozac- ainda não estavam disponíveis comercialmente quando os dados foram coletados.
Os pesquisadores não puderam, entretanto, concluir se foram as drogas ou simplesmente a depressão dos participantes da pesquisa a causa no aumento do risco de doenças cardíacas. Desde a década de 30 que cientistas ligam a depressão a doenças cardíacas.
Nesse aspecto, Lapane explica que o estudo é apenas um ponto de partida. "Se eu estivesse tomando antidepressivos agora, eu certamente não pararia por causa do estudo", afirma.
Ela espera que pesquisas futuras ajudem os médicos na prescrição dessas drogas. "Com mais informação, eles poderão decidir se elas oferecem risco a seus pacientes cardíacos", diz.

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