São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Faço por amor à arte', diz Kito

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-feirante, Ezequiel Ferreira dos Santos, o "Kito", é casado e tem cinco filhos. Descontraído e falante, Kito define sua prisão: ``um dia da caça e outro do caçador". E revela que comprou a droga em Corumbá (MS). Leia trechos da entrevista, feita no Denarc (Departamento de Narcóticos).

Folha - Você já tinha sido preso antes?
Kito - A casa caiu (deu tudo errado) pela primeira vez desde que eu comecei, há dois anos. Um dia é da caça e outro, do caçador. A droga não estava no meu bolso. Estava no caminhão. Comprei em Corumbá (MS) por R$ 180 mil.
Folha - Por que você fazia isso?
Kito - Fazia isso por amor à arte. Não precisava mais disso. Continuava para ajudar os amigos. Vou sair dessa vida. Parei.
Folha - Você tinha negócios no Rio de Janeiro?
Kito - Não. Paulista chega no Rio e carioca pensa que ele é otário. Não faço negócio com o Rio porque lá só tem pilantra.
Folha - Você está rico?
Kito - Não tenho dinheiro. Se tivesse, andava carregado no brilho (mostra o pescoço, que não tem nenhuma corrente de ouro).
Folha - Você não está preocupado com a prisão?
Kito - Não. Tenho um bom advogado e Deus é bom.
Folha - Por que você é querido em seu bairro?
Kito - Sou querido porque quando morre o parente de um vizinho, eu pago o enterro. Quando você fica desempregado, pago sua comprinha.
(MG)

Texto Anterior: Preso o maior traficante de crack de SP
Próximo Texto: São Paulo registra 64 homicídios em 4 dias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.