São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995 |
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Educadora faz crítica à idéia de `escola utilitária'
FERNANDO ROSSETTI
A crítica a essa visão de educação é o tema central da dissertação de mestrado ``Construtivismo, a poética das transformações", de Monique Deheinzelin, 42, uma das fundadoras da Escola da Vila, da zona oeste São Paulo. A tese defende três princípios. Primeiro, que ``o pensamento das crianças se caracteriza como um tipo particular de pensamento -poético, que desperta o sentimento de coisas boas, do belo". Em segundo lugar, Monique debate a noção de conhecimento, com uma análise crítica do pensamento do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940). ``Ele coloca o conhecimento como algo que pode ser portador do sentimento de felicidade; uma coisa arrebatadora", afirma. Essa noção de aquisição de conhecimento -que propicia prazer e felicidade- é a base para a crítica da atuação da escola como simples transmissora de conteúdos curriculares. A partir disso, Monique defende que ``a criação poética da criança só encontra lugar para acontecer na medida em que ela interage com as tradições culturais". ``A criação não é fruto de geração espontânea, mas sim da interação com tradições culturais." Por exemplo, em educação artística: ``as crianças gostam muito de desenhar e fazem isso com maestria; quanto mais se aproximam da história da arte, mais elementos terão para uma reflexão plástica, para desenvolver sua capacidade de expressão". Outro exemplo: ``Só se pode alfabetizar se a criança tiver contato com a língua escrita; a tradição cultural seriam os mais variados textos". A escola, dessa forma, se coloca como ``um lugar de acesso democrático às tradições culturais e não como algo a serviço do trabalho útil". A autora reconhece a ``utopia" dessas idéias. ``A última parte da tese é bem política. Tenta provar que toda criança é capaz de aprender qualquer conhecimento." (FR) Texto Anterior: Espanhol pode ser obrigatório em SP Índice |
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