São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Governo quer reduzir juros em agosto

ALBERTO FERNANDES
JOMAR MORAIS

ALBERTO FERNANDES; JOMAR MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pretende promover em agosto a diminuição nas taxas de juros a partir da redução do depósito compulsório. Mas, antes, reajustará todas as tarifas públicas federais que estiverem defasadas.
A informação foi transmitida pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, a um grupo de senadores na manhã de ontem -entre eles, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Loyola disse, segundo relato dos senadores consultados pela Folha, que o aumento de tarifas pode ocorrer ainda em julho.
Como o reajuste pressiona a inflação para cima, é fundamental que se dê antes da queda dos juros -que também pressiona a inflação via aumento do consumo.
Dessa forma, os juros caem apenas depois da economia absorver o impacto das novas tarifas.
Loyola foi ao Senado para uma ``visita de cortesia" a Sarney.
``O afrouxamento ao crédito não deve acontecer antes de um prazo mínimo de 60 dias", disse ontem o líder do governo no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES), após encontrar Loyola.
Após esse prazo, a intenção do governo é diminuir os depósitos compulsórios.
Esses depósitos reduzem a quantidade de dinheiro que os bancos dispõem para emprestar e são responsáveis pelos altos juros dos empréstimos bancários.
A meta seria, diz Álvares, reduzir os compulsórios para um nível semelhante ao de dezembro.
A principal diferença entre o atual nível de compulsórios e o existente em dezembro é que, agora, os bancos são obrigados a depositar no Banco Central 10% do valor dos empréstimos concedidos. A obrigação não existia em dezembro.
Desde o mês passado, o governo vem anunciando o início de uma ``redução gradual" dos juros. Os anúncios aconteceram após pressões de governadores, parlamentares e empresários.
Mas até agora, o governo vem adiando a adoção de medidas capazes de reduzir de forma concreta os altos juros dos crediários.
As taxas foram reduzidas apenas para a agricultura. Os empréstimos agrícolas, que eram corrigidos pela TR, com taxas superiores a 50% ao ano, passaram a ser corrigidos a 16% ao ano, após negociação do governo com a bancada ruralista no Congresso.

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