São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Governo impedirá recessão, diz Serra

Ministro responde acusações de Ciro

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o ministro do Planejamento, José Serra, ``não teremos uma recessão prolongada", porque ``o governo não vai deixar que isso aconteça".
A declaração foi feita em entrevista, ontem à noite, ao programa ``Jô Soares Onze e Meia".
Embora sua frase dê claramente a entender que na atual fase do Real foi preciso utilizar instrumentos recessivos -como os juros elevados-, ele não acredita que a economia tenha parado de crescer.
Afirmou que espera um crescimento para os próximos 12 meses, a exemplo dos 6% registrados no primeiro ano do Real, e voltou a utilizar a metáfora do automóvel, que precisa passar dos 180 Km por hora para 80 ou 90, ``uma velocidade que se sustente".
Qualificou os juros altos de ``lamentáveis" e disse ser ``absolutamente necessário" que eles declinem rapidamente. Os juros, a seu ver, ``são uma consequência e não uma causa" do estágio de estabilização que o país atravessa.
Disse que o salário mínimo, as pensões e aposentadorias continuarão protegidos contra a inflação que ocorrer no futuro. Os salários dos servidores, por sua vez, dependerão do aumento das receitas.
Ou seja, para esse conjunto de pessoas não valerá a desindexação da economia (reajustes com base na inflação acumulada em determinado período).
Quanto aos demais assalariados, o ministro procurou minimizar os efeitos da inflação nas categorias com sindicatos fracos e, portanto, sem poder de pressão no momento de negociar seus aumentos.
Serra respondeu de público, pela primeira vez, às críticas que lhe foram feitas na semana passada pelo ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes, para quem, ao procurar limitar a entrada de carros importados, ele, quis beneficiar a indústria paulista.
``É uma tolice, uma bobagem homérica", afirmou, já que interessava teoricamente às montadoras continuar ganhando dinheiro com importações que elas próprias operavam, em lugar de fazerem novos investimentos, criarem empregos e aumentarem a eficiência de suas fábricas.

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