São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Para intelectual, racismo continua

Líder negro não vê cordialidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Boris Fausto, 64, professor do departamento de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo), considerou o caderno ``Racismo Cordial", publicado pela Folha, no domingo, uma iniciativa ``interessante".
Pesquisa Datafolha revelou a existência de um racismo não-assumido por boa parte das pessoas que responderam o questionário.
Boris Fausto disse que, em linhas gerais, ficou evidente que ``ainda existe um grande preconceito, muito difundido na sociedade brasileira".
Segundo ele, a pesquisa revelou que ``há também uma interiorização da suposta inferioridade por parte da população negra no país".
Já o coordenador do Movimento pela Reparação aos Descendentes de Africanos no Brasil, Fernando Conceição, 36, disse ontem que o racismo ``não é tão cordial" como aparece no caderno da Folha.
Conceição, que também integra o Núcleo de Consciência Negra (NCN) na USP, citou como argumento a situação das favelas do Rio.
``Lá, os mortos pela polícia são os negros", disse Conceição, que também defende o pagamento de indenização aos descendentes de escravos.
Sobre os números da pesquisa do Datafolha, disse: ``Trazem dados objetivos, e isso é positivo. O ideal seria que o debate prosseguisse para abolirmos o preconceito e as políticas discriminatórias".

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