São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Xangai quer ser ultramoderna

LOU SHUYU
ESPECIAL PARA O WORLD MEDIA

Harmoniosas fileiras de casas de três ou quatro níveis, em tijolo e madeira, estendem-se a perder de vista sobre 40 milhões de m2.
Os ``lilongs", moradias tradicionais construídas entre 1920 e 1940, fizeram a celebridade de Xangai -``a pérola do Pacífico".
Durante muito tempo a maior cidade da China -13 milhões de habitantes e figura de proa do crescimento-, Xangai está prestes a ceder ao modernismo.
Em vez de tentar reabilitar seus bairros charmosos, a municipalidade escolheu destruí-los.
As gruas e tratores já tomaram de assalto os ``lilongs" -mas eles ainda representam 40% da moradia local. Essas casas de tamanho humano parecem saídas diretamente de uma outra época.
Os assoalhos são de madeira, o telhado com entalhes, a cobertura em telhas mecânicas. O acesso ao bairro é organizado para criar um ambiente calmo e de convívio.
Ainda em bom estado, essas casas sofrem, antes de tudo, de superpovoamento. Na origem, cada uma deveria abrigar uma família.
Boom demográfico e atraso na política habitacional obrigam cada família a se confinar, sem conforto, num único aposento.
Não é raro ver duas ou três gerações amontoadas num único cômodo. Sem cozinha, nem sanitários e apenas 4 m2 habitáveis por pessoa, os ``lilongs" têm, sem dúvida, necessidade de algo novo.
Em 1992, casas-modelo foram inteiramente repensadas: conservaram a arquitetura e o volume global, mas os cômodos foram inteiramente redistribuídos. O conforto dos moradores melhorou.
O sucesso da experiência não foi suficiente. Elas foram destruídas e duas torres de 68 andares passarão a oferecer ao mercado imobiliário, em plena ebulição, escritórios, lojas e hotéis.
Fim do ``lilongs" e de anos e anos de história.

Tradução de Bertha Havern Gurovitz.

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