São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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'Meu tributo a Ayrton é pessoal'

ADRIANE GALISTEU

Em 24 de maio último, este jornal publicou um texto de autoria da colunista Barbara Gancia sob o título "Adriane borboleta está mais para lagarta". Sabedora de que a opinião dos colunistas da Folha não reflete necessariamente a postura do jornal, desejo dirigir essa resposta apenas e diretamente à autora do texto em questão.
Em primeiro lugar, gostaria de externar minha indignação em relação às palavras escolhidas pela sra. Barbara Gancia para expressar suas opiniões a meu respeito (coisas do tipo: "bubuca", "Galalau", "limitada", "rapariga"). Expressões desse naipe são comumente encontradas em portas de sanitários públicos, não em jornais de respeito como a Folha.
A colunista usou ainda expressões injuriosas para referir-se às modelos em geral, dentre as quais me eu incluo. Vide as passagens: "...as outras bruacas que posam nuas para a revista..." e "depois saem por aí dizendo que aquele BMW metálico foi comprado com o michê, digo, com o cachê". E referiu-se ainda ao povo de maneira geral como "um monte de cretinos que", segundo ela, "não têm noção de o que é dinheiro".
A par de tantas referências de baixo nível e absolutamente gratuitas (não acredito que essa senhora possa ter contra mim algo de pessoal, pois jamais tivemos intimidade para isso), dona Barbara baseou-se em "fatos" que são absolutamente inverídicos, provavelmente nascidos de sua própria mente. E é sobre eles que pretendo esclarecer, ainda que brevemente.
Em primeiro lugar, o valor contratado para meu trabalho com a revista Playboy é somente de minha conta. Se respondi às perguntas que me foram feitas nesse sentido, foi porque, naquele momento, não vi motivo para esconder nada. Talvez tivesse me reservado mais, se soubesse que a revelação iria despertar tanta inveja em algumas pessoas. Não me disponho a "fazer provas" de minha afirmação porque não pretendo provar nada. O que ganho por meu trabalho só diz respeito a mim e à Receita Federal.
Quanto às ""opiniões de dona Barbara a respeito de minha conduta pessoal, dispenso-as totalmente, e não creio que alguém tão distante de minha vida íntima possua elementos para fazer um julgamento.
E dona Barbara está tão distante de minha vida íntima que não tem conhecimento algum a respeito dos fatos que me levaram a publicar meu livro. Talvez por essa total ignorância, preferiu usar uma versão qualquer. Mas eu conto: fui procurada pela editora Caras para narrar minha história. Recusei a princípio, mas após alguma insistência e depois de ser apresentada a Nirlando Beirão (pessoa com quem me identifiquei imediatamente), me convenci de que o trabalho seria bonito, bem realizado, e que em nada feriria a memória de Ayrton.
Nirlando não foi contratado para salvar a situação, como quer dona Barbara, nem o foi a pedido do dr. Antonio Carlos de Almeida Braga. Foi, sim, fator decisivo na minha aceitação da proposta feita por Caras.
Não escrevi o livro porque este não é o meu trabalho. Tive auto-crítica suficiente para não me aventurar no mundo das letras. E jamais fui "pajeada" por quem quer que seja. Sou muito bem assessorada, e é essa uma das principais razões do sucesso que venho obtendo.
Quanto às minhas "lacrimosas visitas" à curva Tamburello e ao Cemitério do Morumbi, as fiz atendendo a pedidos de fãs de Ayrton e da imprensa. Minhas homenagens a Ayrton são pessoais e longe do público.
Finalmente, no que diz respeito às minhas supostas idas "de pedalinho, de barco" em barco no último GP de Mônaco de que Ayrton participou, trata-se de mais um devaneio de dona Barbara. Não creio que essa senhora tenha estado em Mônaco naqueles dias e, se esteve, certamente viu coisas bem diferentes do que menciona em seu maldoso artigo.
Em suma, é exatamente isso: dona Barbara Gancia usou do precioso espaço de que dispõe nesse conceituado jornal para destilar um veneno gratuito contra a minha pessoa, lançando mão de expressões injuriosas e de mentiras. Espero que minhas palavras sirvam, acima de tudo, para pô-la a pensar melhor sobre o que escreve.

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