São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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BC tenta manter dólar estável em R$ 0,92

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central voltou a intervir ontem no mercado de câmbio e tentou estabilizar as cotações do dólar comercial em R$ 0,918 para compra e R$ 0,920 para venda, realizando três leilões.
Um aumento na oferta, por parte dos bancos que tinham acumulado estoques de dólar nas últimas semanas e decidiram desová-los, fez as cotações recuarem no fechamento para R$ 0,917 na compra e R$ 0,918 na venda.
Nos primeiros negócios de ontem, o dólar foi cotado a R$ 0,920 para compra e a R$ 0,922 para venda, com alta de 0,22%.
A tendência de alta foi abortada pelo BC, que realizou o primeiro leilão às 9h31, comprando a R$ 0,918 e vendendo a R$ 0,920, ou seja, com as mesmas cotações dos leilões de sexta-feira passada, no primeiro dia de vigência da nova ``banda" de flutuação do dólar.
No segundo leilão, às 15h40, quando o preço havia recuado para R$ 0,916, o BC sustentou a cotação comprando dólar a R$ 0,918.
No terceiro leilão, às 16h40, o BC novamente comprou dólar a R$ 0,918 e vendeu a R$ 0,920.
Na avaliação de Carlos Marino Calabresi, diretor de câmbio do Banco CCF, e de Anis Chacur Neto, vice-presidente do Banco ABC-Roma, o BC está dando sinais de que pretende manter o dólar estabilizado nesse patamar pelo menos até o final deste mês.
A pressão de alta foi gerada pelo adiamento das vendas de dólares pelos exportadores, de um lado, e de antecipação das compras pelos importadores, de outro.
O motivo, explicam Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora de Câmbio, e Cláudio Lellis, diretor do Lloyds Bank, foi a expectativa de valorização do dólar.
Com isso, na quinta e sexta-feira passadas, as compras dos importadores superaram as vendas dos exportadores em US$ 210 milhões somente nesses dois dias.
Nehme e Lellis, porém, apostam que o saldo voltará a ficar positivo nos próximos dias, à medida que exportadores e importadores assimilarem o recado dado pelo BC, de que a correção do câmbio será gradual e numa taxa inferior à dos juros internos. Esse, segundo Lellis, é o motivo da desova de estoques de dólares pelos bancos.

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