São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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México tem cerca de 31 milhões de pobres

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Nos últimos 15 anos, aumentou 51% o número de mexicanos que vivem abaixo da linha de pobreza, segundo dados do Banco Mundial.
Hoje, 35% da população do país (cerca de 31 milhões de pessoas) vive em situação de pobreza ou pobreza extrema, conforme o último relatório da instituição sobre o México. Por outro lado, há no país 24 mil pessoas com depósitos superiores a 1 milhão de novos pesos (US$ 170 mil) em uma única instituição bancária.
Segundo estudo do Banco do México, esse grupo -correspondente a 0,3% da população mexicana- possui investimentos médios da ordem de US$ 1,4 milhão e é responsável por 56% da poupança interna do país.
``Apenas uma distribuição de renda mais equitativa pode viabilizar o processo de abertura política e liberalização econômica do país", disse o vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina, Shahid Javed Burki.
Para Burki, a situação social dos mexicanos está diretamente relacionada com a crise econômica que assola o país. `A tensão social gerou um ambiente de incerteza, que afetou adversamente o mercado financeiro e contribuiu significativamente para o desencadeamento da crise", afirmou.
Ele prevê uma queda de 4,8% do PIB (Produto Interno Bruto) mexicano este ano -bem superior aos 2% previstos pelo governo- e uma recuperação já em 1996.
Na opinião de Sebastian Edwards, chefe da Divisão de Economia para a América Latina do Banco Mundial, a crise mexicana ressalta a urgência de levar a cabo também as reformas sociais planejadas pelo governo.
``Não adianta dar ênfase somente ao econômico", disse Edwards.
Para Burki, contudo, a crise mexicana contém um paradoxo. ``Em vez de estimular uma recessão em nível regional, está fomentando as reformas econômico-sociais necessárias".
Na sua opinião, a América Latina vai crescer a uma taxa média de 6% ao ano entre 1996 e 2000, contra os 3% observados nos últimos cinco anos.
Burki anunciou um programa de cooperação técnica entre o Banco Mundial e o governo mexicano, para dar maior solidez ao sistema financeiro do país. O programa está baseado em experiências anteriores da instituição.

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