São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Rei do Rio é o Rei nato, não é mesmo?

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Nelson Rodrigues e o Raul Seixas sabiam por que um Flamengo x Fluminense nasce dez mil anos atrás. E antes do nada. Aliás, um nada que é tudo.
Re-nato é nascer duas vezes. Quase na idade de Cristo, ele, também de coroa (que não era de espinhos), Renato, ressuscita aos pés dos braços abertos do Redentor sobre a Guanabara.
Renato preparou a final do Campeonato Estadual do Rio. Ele provocou, trocou insultos com o Romário, aumentou a expectativa em torno do Fla-Flu. Dizem que até preparou psicologicamente o Flu.
Só é herói quem enfrenta um desafio do tamanho do Maracanã com mais de uma centena de milhar de testemunhas (sem contar as milhões que acompanharam através da janela eletrônica da TV).
Como um autêntico jogador da terra dos bravos, Renato, o Gaúcho, tornou-se rei do Rio. Certamente existirão jogadores mais técnicos do que ele. Dificilmente haverá alguém com tanta gana de ganhar.
Assim é o Renato, o rei do Rio. Ou melhor, assim é o Rei nato.

Esta coluna em nenhum momento vacilou diante da possibilidade de o Palmeiras contratar o Renato. Apoiou de imediato. Justamente pelos argumentos que ele expôs no Maracanã.

O jornalista Ricardo Roa, secretário de Redação (responde também pela seção de esportes) do ``Clarín", de Buenos Aires, passando pelo Brasil, viu o grande jogo de anteontem do Maracanã.
Foi preciso no seu paralelismo: Renato lembra Kempes, aquele destemido atacante da seleção argentina de 78. Bingo!

Lições do Olímpico, lições do Maracanã: a ousadia ainda é uma arma quente.

Pé quente, mas quentíssimo mesmo, tem a Hyundai. Patrocinou o Fluminense só na hora H. Na hora Hyundai!

Para a Petrobrás, 95 não está sendo realmente um ano de sorte. Teve a quebra do monopólio, em Brasília. E teve a queda do Flamengo, no Rio.

A rodada do fim-de-semana que passou adoçou o já doce (de cana-de-açúcar) sorriso dos ribeirão-pretanos. Palmeiras x São Paulo, com chances de liderar o grupo, devem lotar o Rose Bowl paulista.
Disse e repito: a primeira experiência no clássico Santos 2 x 2 Corinthians foi bem sucedida. Organização de primeiro mundo, nada de violência, estádio com boas acomodações e boa visibilidade.
Em termos de público, o estádio Santa Cruz tem competitividade em relação ao estoque de lugares oferecidos pelas destruídas salas de espetáculos da capital. E os times ainda recebem o jeton das TVs.
Não só Ribeirão, mas Araraquara, Jaboticabal, Bebedouro etc., toda a região está motivada para ver as partidas máximas do futebol bandeirante. É um novo público que nasce para o futebol.
O exílio, como diz FHC, pode ter sabor de caviar. Ou de um bom chope.
PS: A média de gols na duas rodadas da segunda fase paulista é excelente.

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