São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Presidente do Egito escapa de atentado na Etiópia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, escapou ontem de um atentado no centro de Adis Abeba, capital da Etiópia. Quatro pessoas morreram no ataque.
Mubarak, 67, havia acabado de chegar à cidade para participar da reunião de cúpula da Organização da União Africana (OUA). A limusine onde estava foi atacada por um grupo de terroristas de aparência árabe, às 9h (3h em Brasília).
O carro do presidente foi fechado por um jipe e abordado por outro carro (veja quadro ao lado). Armados com fuzis de assalto russos Kalachnikov, os terroristas dispararam contra a limusine.
O vidro e a lataria do carro, blindados, contiveram 12 disparos. Mubarak escapou sem ferimentos. Entre sete e nove homens participaram do ataque.
No tiroteio com a segurança presidencial e a polícia da Etiópia, dois terroristas morreram e três ficaram feridos. Dois seguranças morreram e um foi baleado.
Havia também entre dois e quatro homens disparando de cima de um prédio em construção perto do local do atentado. Eles fugiram, deixando um lança-granadas armado no local.
Até a madrugada de hoje (noite de ontem no Brasil), o governo etíope não tinha pistas dos terroristas. Os EUA ofereceram ajuda para achar os autores do atentado.
Um embaixador palestino, que saía do prédio da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) em Adis Abeba, foi ferido na perna por uma bala perdida. A representação fica em frente ao local do atentado.
Mubarak é um dos principais mediadores do processo de paz no Oriente Médio, assim como seu antecessor, Anuar Sadat, assassinado a tiros durante uma parada militar em 1981.
Sadat foi morto quando dividia o palanque com o então vice-presidente Mubarak, que foi ferido na mão (leia texto nesta página).
O presidente acusou grupos islâmicos radicais do Sudão pelo atentado. O país é frequentemente apontado por Mubarak como fomentador de ações terroristas islâmicas no norte da África.
O governo sudanês, por sua vez, condenou o ataque em uma nota oficial.
A organização Talah al Fatah (Vanguarda da Conquista), que diz ser herdeira do grupo que assassinou Anuar Sadat, assumiu a responsabilidade pelo atentado em telefonemas anônimos.
"Existe um Deus e ninguém vive mais tempo do que o determinado por ele", disse Mubarak quando voltava ao aeroporto de Adis Abeba.
Mubarak retornou ao Cairo e foi representado na reunião na Etiópia pelo chanceler egípcio, Amr Moussa. A reunião, com 53 representantes dos países-membros da OUA, vai discutir exatamente a questão da segurança interna e externa na região.

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