São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 1995
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Santos paga a pai que fizer filho voltar para escola

FERNANDO ROSSETTI

FERNANDO ROSSETTI; MARCUS FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

MARCUS FERNANDES
A Prefeitura de Santos lançou este mês um programa que prevê o pagamento de R$ 50,00 ao mês para famílias que tenham crianças que, no lugar de ir à escola, têm que trabalhar.
O pagamento às famílias que dependem do salário dos filhos é parte de um programa maior, chamado ``Toda criança na escola", que pretende zerar o abandono dos estudos nos oito anos do 1º grau em todo o município.
É um projeto diferente do que está sendo implantado em Brasília (leia texto ao lado) porque, em vez de pagar dinheiro a famílias que buscam auxílio da prefeitura, pretende acompanhar o desempenho de cada aluno e ir atrás dos que são considerados ``de risco".
``Não basta apenas a ajuda financeira", afirma a secretária de Educação de Santos, Luzia Neofiti de Andrade, 36.
``Muitas vezes as famílias têm outros problemas, como a desagregação, o abandono pelo pai, a saúde de alguém que está mal, e assim por diante", acrescenta.
A idéia é centralizar na coordenação do programa os dados de cada um dos 18 mil alunos da rede municipal e dos 48 mil da rede estadual que estejam no 1º grau.
A cada bimestre, essa coordenação localiza os alunos que estão com notas muito ruins ou com frequência muito baixa.
Detectados esses estudantes que correm risco de abandonar a escola, a secretaria envia uma pessoa treinada por ela para visitar a família do aluno e fazer um diagnóstico do problema em sua casa.
Se o caso for de carência de dinheiro -que obriga a criança a trabalhar- a família passa a receber os R$ 50,00 ao mês.
A cada 120 dias, a frequência e nota dos alunos ``bolsistas" serão avaliadas e o pagamento poderá ser mantido ou suspenso.
Mas a visita às casas dos alunos em risco de evasão poderá, também, levar ao encaminhamento de familiares a outros serviços da prefeitura, como postos de saúde -no caso de doenças.
O município de Santos, que fica 72 km a sudeste de São Paulo, já tem um baixo índice de evasão, se comparado com outras redes.
No ano passado, apenas 0,6% dos alunos teriam evadido -contra 8,9% dos alunos da rede estadual de São Paulo.
Mas esses dados podem indicar apenas falhas estatísticas -já que alunos que abandonam a escola são às vezes classificados como repetentes.
Assim, somando evasão e repetência, Santos ficou, em 1994, com 12% de não-aproveitamento no 1º grau, contra 23% no Estado.
Para este ano, a prefeitura deverá destinar R$ 300 mil para o programa, que dependerá, em grande parte, de trabalho voluntário.

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