São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995 |
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Novos talentos do vôlei dão um show
MAURÍCIO BRANCO
Com 13 anos, já havia disputado vários torneios e era campeão brasiliense mirim. Nessa fase, conheci de perto vitórias e derrotas e descobri meu amor por esse esporte. Mas, feliz ou infelizmente -não sei, pois destino é destino-, minha estatura de 1,79 m não era apropriada para estar entre os jovens recrutados para seguir carreira no vôlei. Natural: a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e os grandes clubes já haviam começado a plantar as sementes que virariam ouro seis anos depois. Hoje, acompanho de perto os campeonatos (agora chamados ligas) nacionais e internacionais e vejo com clareza as modificações físicas por que passaram os atletas. A força dos jogadores de agora parece-me ser quase o dobro da dos jogadores de dez ou 13 anos atrás, o que era de se esperar. Confesso, porém, que ainda fico espantado com a potência dos mísseis de Marcelo Negrão e Gílson. Nunca havia visto -nem mesmo em outras seleções poderosas, como a de Cuba- as bolas a uma velocidade tão impressionante. Nas partidas pela fase classificatória da Liga Mundial, o Brasil não pôde contar com Negrão, que se recupera de contusão. Mas Gílson o substitui brilhantemente e já recebe um apelido carinhoso dos comentaristas: ``mão de pilão". Ele merece. Na revolução do vôlei, matéria-prima não falta ao Brasil. A todo momento aparecem grandes jogadores, não só em altura, como em força, regularidade e técnica. Os novos talentos dão um show. É o caso do ex-juvenil Schwanke; ou de Josenias, que desenvolve jogadas pela intermediária com rapidez asiática; Douglas é um reserva experiente imprescindível nos bloqueios e para finalizar os sets; temos o bom canhoto Kid; e aquele que é, para mim, o mais carismático da supernova geração, Alexandre. No ano passado, a má campanha da seleção na Liga Mundial me preocupou. Com o título olímpico no peito, conquistado em 92, os deuses, de repente, não lhes deram o mesmo abraço. Para mim, os prováveis fatores que contribuíram para o fracasso foram publicidade excessiva, o assédio de empresas (interessadas em estampar o rosto dos ``galãs" em seus produtos) e a venda dos craques para clubes estrangeiros. Felizmente, esse último problema já foi solucionado pela CBV, que se empenhou em viabilizar a volta dos ``estrangeiros". Por sorte, o ouro nunca perde o seu brilho. Nossa brava seleção já se recuperou e pude ver no Maracanãzinho, no último fim-de-semana, o triunfo do Brasil, que conquistou a vaga para as finais da Liga em cima dos cubanos. Como eu costumava dizer, quando era jogador: Vamos lá! Texto Anterior: Dirigente diz que a culpa é da CBF Próximo Texto: Aos 29 anos... Índice |
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