São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Novos talentos do vôlei dão um show

MAURÍCIO BRANCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As novas gerações do vôlei brasileiro prometem dar muita alegria à torcida. A renovação que está em curso já mostra bons resultados, especialmente na seleção. De certo modo, senti na pele a triagem de atletas que vem sendo feita no Brasil. Comecei jogando vôlei ainda no colégio, em 1982, quando ainda morava em Brasília. Minha maior inspiração na época eram as seleções que disputavam os Mundialitos, de onde saíram as primeiras grandes estrelas do esporte.
Com 13 anos, já havia disputado vários torneios e era campeão brasiliense mirim. Nessa fase, conheci de perto vitórias e derrotas e descobri meu amor por esse esporte. Mas, feliz ou infelizmente -não sei, pois destino é destino-, minha estatura de 1,79 m não era apropriada para estar entre os jovens recrutados para seguir carreira no vôlei. Natural: a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e os grandes clubes já haviam começado a plantar as sementes que virariam ouro seis anos depois.
Hoje, acompanho de perto os campeonatos (agora chamados ligas) nacionais e internacionais e vejo com clareza as modificações físicas por que passaram os atletas. A força dos jogadores de agora parece-me ser quase o dobro da dos jogadores de dez ou 13 anos atrás, o que era de se esperar. Confesso, porém, que ainda fico espantado com a potência dos mísseis de Marcelo Negrão e Gílson. Nunca havia visto -nem mesmo em outras seleções poderosas, como a de Cuba- as bolas a uma velocidade tão impressionante. Nas partidas pela fase classificatória da Liga Mundial, o Brasil não pôde contar com Negrão, que se recupera de contusão. Mas Gílson o substitui brilhantemente e já recebe um apelido carinhoso dos comentaristas: ``mão de pilão". Ele merece.
Na revolução do vôlei, matéria-prima não falta ao Brasil. A todo momento aparecem grandes jogadores, não só em altura, como em força, regularidade e técnica. Os novos talentos dão um show. É o caso do ex-juvenil Schwanke; ou de Josenias, que desenvolve jogadas pela intermediária com rapidez asiática; Douglas é um reserva experiente imprescindível nos bloqueios e para finalizar os sets; temos o bom canhoto Kid; e aquele que é, para mim, o mais carismático da supernova geração, Alexandre.
No ano passado, a má campanha da seleção na Liga Mundial me preocupou. Com o título olímpico no peito, conquistado em 92, os deuses, de repente, não lhes deram o mesmo abraço. Para mim, os prováveis fatores que contribuíram para o fracasso foram publicidade excessiva, o assédio de empresas (interessadas em estampar o rosto dos ``galãs" em seus produtos) e a venda dos craques para clubes estrangeiros. Felizmente, esse último problema já foi solucionado pela CBV, que se empenhou em viabilizar a volta dos ``estrangeiros".
Por sorte, o ouro nunca perde o seu brilho. Nossa brava seleção já se recuperou e pude ver no Maracanãzinho, no último fim-de-semana, o triunfo do Brasil, que conquistou a vaga para as finais da Liga em cima dos cubanos.
Como eu costumava dizer, quando era jogador: Vamos lá!

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