São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Daumas Gassac anos 90 tem preços acessíveis

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando em 1970 comprou a casa de campo Mas de Daumas Gassac, localizada 30 quilômetros a noroeste de Montpellier, no sul da França, Aimé Guibert talvez não imaginasse que, além da casa de campo que procurava, tivesse também adquirido o berço do mais renomado vinho da região do Languedoc.
O tesouro vinícola aflorou anos mais tarde, graças a um amigo dele, Henri Enjalbert, geólogo e professor de geografia da Universidade de Bordeaux.
Ele descobriu que os terrenos haviam sido formados por depósitos glaciais, pobres em nutrientes, mas com excelente drenagem, sendo assim ótimos para vinhedos.
Enjalbert disse ao amigo que esse tipo de solo (raro na região) era um milagre (especula-se que foi depositado lá por fortes ventos ou até por um tornado), podendo-se elaborar ali vinhos da estatura de um "cru.
Aceitando o desafio, monsieur Guibert partiu atrás de mudas para formar os seus vinhedos. Ele trouxe Cabernet Sauvignon e Melot de Bordeaux, Pinot Noir da Bourgogne, Syrah do Rhône, Cabernet Franc do Loire e Malbec do Cahors.
Procurou também Emile Peynaud, um dos mais renomados enólogos franceses e, com a ajuda dele, editou em 78 o primeiro tinto do Mas de Daumas Gassac (que Guibert achou muito tânico, quase intragável).
Mas já no início da década de 80 seus vinhos despertaram entusiasmo. A revista ``Gault-Millaut" comparou o Daumas ao Laffite (um grande cru bordelês). Pouco tempo depois a Park Avenue, uma das melhores lojas de vinho de Nova York, dedicava a sua vitrine aos tintos do Domaine.
As últimas safras do Daumas Gassac continuam musculares, densas, porém mais acessíveis que as da década passada. A versão 91 (avaliação 86/100, R$ 25,00 a garrafa), encorpada e com boa textura, tem aroma de cassis e ameixa coberto por uma boa dose de baunilha. A edição 92 (avaliação 85/100, R$ 29,00 a garrafa), mais tânica, tem fruta e certo defumado agradável no sabor, mantendo a estrutura e o estilo próprios desses tintos, talvez os mais "californianos" do elenco francês.

Os dois vinhos podem ser encontrados na Mistral Importadora (r. Amaral Gurgel, 425, tel. 259-6746 e 258-1484, região central)

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