São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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'Superministros' russos renunciam

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os três ministros responsáveis pela intervenção da Rússia na república separatista da Tchetchênia pediram demissão ontem. O presidente Boris Ieltsin não definiu se aceita ou não o pedido.
Pavel Gratchev (Defesa), Viktor Ierin (Interior) e Sergei Stepachin (Serviço de Segurança Federal) entregaram uma carta conjunta de demissão ontem. Eles são considerados os "superministros" da gestão Ieltsin, aqueles que concentram maior poder de decisão.
O ato facilita a manutenção do gabinete do primeiro-ministro Viktor Tchernomirdin no poder, o que será definido em uma votação marcada para amanhã.
Na semana passada, a Duma -assembléia semelhante à Câmara dos Deputados brasileira- aprovou um voto de desconfiança contra o governo russo devido à crise na Tchetchênia.
A república foi invadida pelos russos em dezembro e, há duas semanas, guerrilheiros tchetchenos atacaram uma cidade no sul da Rússia, fazendo mais de mil reféns e deixando 121 mortos.
Os russos permitiram que os guerrilheiros voltassem à Tchetchênia para evitar mais violência. A negociação, liderada por Tchernomirdin, foi considerada "covarde" pelos deputados.
A lei russa não obriga Ieltsin aceitar o voto de desconfiança, a menos que ele seja repetido em menos de três meses.
O presidente, então, fez seu gabinete enviar nova proposta para que o governo seja colocado em questão. A votação ocorre amanhã.
Com a manobra, Ieltsin quer obrigar a aceitação de seu governo, uma vez que a rejeição obriga a convocação imediata de eleições e a dissolução do Parlamento.
Com isso, a Duma pediu a demissão dos ministros ligados à crise na Tchetchênia. Com o anúncio feito ontem, Ieltsin ganha uma imagem favorável dentro da Duma, o que pode facilitar a aprovação de seu governo amanhã.
Por outro lado, como crê o líder ultranacionalista Vladimir Jirinovski, Ieltsin pode estar blefando. "Ele quer a aprovação. Depois, vai acabar mantendo seus ministros", disse Jirinovski, baseando-se no fato de que o presidente russo tem até 10 de julho para definir o destino de Gratchev, Ierin e Stepachin.
Outros líderes de oposição, porém, acreditam que Ieltsin demitirá os ministros. "Nós recebemos com satisfação a decisão", afirmou o liberal Iegor Gaidar. O presidente deve aceitar a saída.

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