São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995
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Encontro no espaço

Movendo-se a uma velocidade de 28.000 km/h em órbita da Terra, o ônibus espacial norte-americano Atlantis e a estação espacial russa Mir acoplaram-se ontem no que pode ser o marco de uma nova era na pesquisa e exploração do espaço. Até há poucos anos um dos maiores símbolos da Guerra Fria, os programas espaciais dos dois países se uniram em uma parceria que visa à construção da primeira estação internacional no espaço.
Esse é um encontro muito diferente daquele de 20 anos atrás, quando Apolo-18 e Soiuz-19 se acoplaram no espaço. Tecnicamente, ambas as naves eram módulos relativamente pequenos, e não titãs de 100 toneladas como o Atlantis e a Mir. E, em 1975, o aperto de mãos foi apenas um interlúdio isolado e logo perdido em meio à tensa competição que dominava as relações EUA-URSS. Agora, a nave e a estação passarão cinco dias unidas, realizando experiências científicas no primeiro de uma série de sete encontros previstos até 1997, quando, com participação da Europa, Japão e Canadá, deve começar a construção da nova estação.
Mais do que apenas um evento de simbolismo político, a acoplagem constitui também uma impressionante exibição do desenvolvimento tecnológico atingido pela humanidade. Marcada por algumas tragédias e muitos sucessos, da queda da Soiuz-11 e da explosão da Challenger aos vôos da cadela Laika e de Iuri Gagárin e aos primeiros passos de Neil Armstrong na Lua, a corrida espacial permite ao homem -que há menos de um século aprendeu a voar- realizar operações como a de ontem e planejar a construção de bases na Lua.
É um desenvolvimento técnico tanto mais impressionante quando contrastado com o escasso avanço registrado em termos econômicos e sociais. Enquanto russos e norte-americanos manobram colossos em velocidades inimagináveis a 400 km de altitude, aqui na Terra foguetes destroem e matam na Bósnia e milhões de miseráveis passam fome.

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