São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995
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Fim de indexador para os salários divide opiniões, afirma Datafolha

DA REDAÇÃO

A livre negociação de salários obteve apoio de 42% dos entrevistados pelo Datafolha em pesquisa realizada entre os dias 20 e 22 de junho, com 14.562 pessoas em 11 Estados e no Distrito Federal.
A pesquisa verificou o comportamento da população após a divulgação das linhas gerais da Medida Provisória publicada ontem.
A proporção dos que preferem a manutenção do IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em Real) como indexador para correção automática dos salários foi de 39%.
Dezessete por cento não souberam dar sua opinião sobre o uso ou não de indexadores para os salários.
Segundo o Datafolha, a taxa dos favoráveis à manutenção do IPC-r como indexador cresce proporcionalmente à escolaridade dos entrevistados.
Trinta e cinco por cento dos entrevistados que cursaram só o primeiro grau querem o IPC-r como indexador. Para 54% dos que têm até o nível superior o índice é necessário.
Por preferência partidária, a maior resistência à desindexação se encontra entre os simpatizantes do PT. Entre eles, 47% preferem a manutenção do IPC-r à livre negociação.
A desindexação tem a aprovação de 47% dos simpatizantes do PMDB, e de 46% dos simpatizantes do PFL e do PDT.
A divisão de opiniões se caracteriza melhor entre os simpatizantes do partido do presidente da República, o PSDB: 46% querem a manutenção do IPC-r, 45% aprovam a desindexação.
Entre os entrevistados que disseram ter votado em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito presidencial de 3 de outubro passado, 48% se opõem à livre negociação e 38% defendem a proposta.
Os eleitores de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) favoráveis à desindexação salarial, segundo a pesquisa, totalizaram 43%, enquanto 39% querem que o IPC-r sobreviva.
Distrito Federal e Rio Grande do Sul são as unidades da Federação que mais rejeitam a extinção do IPC-r -com 50% dos entrevistados pedindo a manutenção do índice cada.
Os goianos são os maiores adeptos da livre negociação: 49% dos entrevistados neste Estado concordam com ela.
Esses resultados fazem com que a livre negociação tenha a simpatia de 46% dos entrevistados das regiões Norte e do Centro-Oeste.
No Nordeste, o índice é de 40%, nivelando-se aos resultados obtidos no Sul e Sudeste (41% e 42%, respectivamente).
Já a manutenção do IPC-r conta com apoio de 42% dos pesquisados na região Sudeste, 46% no Sul, 32% no Norte e Centro-Oeste e 32% no Nordeste.

A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade, com sorteio aleatório dos entrevistados.
O conjunto da população adulta do país é tomado como universo da pesquisa e dividido inicialmente em quatro subuniversos, que representam as regiões: Sul, Sudeste, Nordeste e Norte/Centro-Oeste.
Em cada subuniverso, os municípios são agrupados de acordo com a localização geográfica e o nível socioeconômico. Dentro de cada grupo são sorteados municípios estratificados pelo porte correspondente.
Através de um processo de sorteios sucessivos, chega-se ao bairro, à rua e ao indivíduo. Dessa forma a pesquisa fornece resultados para o Brasil, regiões, Estados, porte e natureza dos municípios, que podem ser generalizados dentro de certos limites estatísticos.
Nesse levantamento sobre a desindexação da economia por meio de Medida Provisória, realizado nos dias 20 e 22 de junho, foram entrevistadas 14.562 pessoas em 395 municípios de todas as unidades da Federação.
A margem de erro decorrente desse processo de amostragem é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%.
Isso significa que se fossem feitos 100 levantamentos simultâneos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro.
A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino e a estatística Renata Nunes César. A direção comercial é de Eneida Nogueira e Silva.
A coordenação dos trabalhos desta pesquisa esteve a cargo de Branca Lima, Luciana Chong, Alessandro Janoni e Zuleika Velozo.
O planejamento da amostra esteve a cargo de Teresinha Peret.
A coordenação do campo esteve a cargo de Ailton Gobira e Magda Ribeiro.

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