São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995 |
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``Mise en scène"
NELSON DE SÁ
- Pensamos em organizar essa conversa... Uma rápida, breve introdução minha; a parte que diz respeito a salários vai ser apresentada pelo ministro Paulo Paiva; várias decisões do Conselho Monetário Nacional serão explicadas pelo doutor Gustavo Loyola. E o ministro José Serra, se o desejar, fará uso da palavra para colocar um fecho nesta apresentação. Lembrava o Cruzado, ou o Cruzado 2, o Bresser, o Collor, sabe-se lá quantos mais. O ministro do Planejamento isolado, de cara fechada. O ministro do Trabalho e o presidente do Banco Central quase como figurantes, aliás, quase idênticos um ao outro. Idade, barba, cabelo, óculos, os burocratas do momento. A cena era tão conhecida que a Globo não passou do plantão. O SBT ficou fora. Cultura, CNT e Bandeirantes insistiram, mas só a Rede Brasil, que é do governo, foi até o fim. Os ministros da Fazenda e do Planejamento, ao centro, como que num conflito cordial. O primeiro enfrentou ainda uma concorrência do locutor do cerimonial, mas, primeiro ator que era, dominou a cena. Assim, após falar, o ministro do Trabalho voltou-se para ele como que para ouvir sobre seu desempenho. ``Bom". Assim, também, as 19 perguntas dos jornalistas foram quase todas ao ministro da Fazenda. O ministro do Planejamento, isolado, não tinha o que falar. Quando acabou, disse, ``eram apenas esses acréscimos que eu gostaria de fazer às exposições precisas dos colegas". Foi redundante, o segundo ator, presente só por insistência de alguém. Daí a ausência de perguntas. Tinha mesmo que sair no meio da coletiva. - Eu só vou pedir licença, porque eu tenho uma viagem a fazer. Portanto, eu vou deixar na mão dos meus colegas... - Mas a minha pergunta é para o senhor, ministro. Houve risadas, a resposta foi dada e José Serra foi embora, porque tinha ``uma viagem" em meio à desindexação. Pedro Malan, na bancada cortada ao meio, prosseguiu, respondendo sobre salários e reclamando da imprensa. Cena conhecida, que seguiu depois com o ministro ao vivo, nos telejornais. Cena conhecida -até no arrocho de sempre. Texto Anterior: Serra diz em nota não se opor a novo IPMF Próximo Texto: Governo quer esvaziar a bancada ruralista Índice |
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