São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995 |
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Charmaine eletriza platéia em São Paulo
CARLOS CALADO
Não foi à toa que já a compararam a um dínamo. No show do último sábado, desde que entrou no palco, usando um minivestido cintilante, ela eletrizou a platéia, revelando recursos que extrapolam seus vibrantes vocais. Dançando todo o tempo, com uma energia e um par de pernas que não devem nada a Tina Turner, Charmaine demonstra ser uma bem-dotada ``show woman". Basta conferir sua divertida versão de ``What a Wonderful World". Dona de uma notável extensão vocal, ela decalca o timbre grave e rouco de Louis Armstrong, sem esquecer as caretas e os trejeitos do mestre do jazz. Já ao recriar ``The Sweetest Taboo", da nigeriana Sade, Charmaine passa longe do ``cover". Brinca com os agudos e ainda prova que, ao contrário de outras vocalistas, não toca percussão para manter as mãos ocupadas. Filha de Charles Neville, saxofonista da famosa banda Neville Brothers, Charmaine não herdou apenas a fina musicalidade de sua família. Também absorveu toda a rica e variada mescla de gêneros e ritmos musicais de Nova Orleans, sua terra natal. Rhythm & blues, funk, baladas, ritmos afro-caribenhos e vários estilos de jazz se misturam tanto em suas composições como nos arranjos de antigos sucessos que integram o repertório da banda. É o que acontece na versão de ``I Can See Clear Now" (Johnny Nash), revisitada com originalidade. Além do dançante tempero ``funky", o arranjo inclui o molho rítmico do ``steel drums" (instrumento de percussão de som metálico típico do Caribe). Dividindo a liderança da banda com o saxofonista Reggie Houston e o pianista Amasa Miller, Charmaine está em ótima companhia. Econômico, Miller é a espinha dorsal do grupo. Houston amplia as sonoridades do quinteto, alternando o sax soprano, o alto e o tenor, além de se sair muito bem nos vocais de apoio. Com a voz e a presença de palco que possui, Charmaine até poderia posar de estrela, se desejasse. Mas o que se vê é uma vocalista muito democrática em relação aos músicos da banda. A herança do clã Neville fala mais forte. Show: Charmaine Neville Band Músicos: Reggie Houston (saxofones), Amasa Miller (piano e acordeon), Zak Cardarelli (baixo), Shannon Powell (bateria) e Roland Lawes (percussão) Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, tel. 011/61-1643) Quando: hoje, às 23h45 Quanto: R$ 20 e R$ 30 (couvert artístico), R$ 8 e R$ 10 (consumação) Texto Anterior: Cinemateca abre ciclo sobre jornalismo Próximo Texto: Abuso de poder mata a sabedoria Índice |
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