São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995
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`Lídia de Oxum' convence com sincretismo e simplicidade

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O sincretismo musical brasileiro se presta a prodígios como ``Lídia de Oxum, uma Ópera Negra", estreada anteontem no Teatro Castro Alves, em Salvador.
A música do baiano Lindembergue Cardoso (1939-1989) costura sinfonismo de qualidade com candomblé. E dá ao enredo banal -a conversão ao abolicionismo do filho de um senhor de engenho, às vésperas da Lei Áurea (1888)- uma dimensão lírica singular.
Essa nova tentativa de criação de uma ópera brasileira contemporânea deve em grande parte seu êxito aos 52 músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia. Não que eles sejam virtuosos se comparados aos do Teatro Municipal de São Paulo.
Mas foram de uma competência e de um empenho para com a partitura que justificaram o esforço de 22 dias seguidos de ensaios. Atingiram excelência na percussão, nas cordas e nos metais, regidos por Julio Medaglia.
``Lídia de Oxum" é também a vertigem da encenação baseada na constante movimentação dos 22 bailarinos (a coreografia tem raízes no ijexá, do ritual africano) e dos 53 componentes do coro.
No elenco, ao lado de vozes apenas bem-intencionadas, a grande surpresa foi a soprano mineira Elizeth Gomes, no papel-título.
Não é uma voz completamente madura. Mas possui um timbre de fazer inveja a qualquer alemã ou norte-americana de sua geração.
``Lídia" estará em cartaz até segunda-feira em Salvador e se apresentará no Rio e em Belo Horizonte. Não será uma versão do drama social do negro brasileiro tal qual ``Porgy & Bess" para o norte-americano, conforme planejava o libretista Ildásio Tavares.
Mas é um espetáculo de extrema beleza e simplicidade.

O jornalista JOÃO BATISTA NATALI viajou a Salvador a convite da Secretaria da Cultura da Bahia

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