São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995 |
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A atriz Lana Turner morre de câncer na Califórnia
SÉRGIO AUGUSTO
Carnalidade pura, era uma negação como atriz. Alguém a definiu como uma espécie de Ann Sheridan sem humor. Na verdade, ela foi a Marilyn Monroe dos anos 40, sem o mesmo talento. Figura decorativa em melodramas rasgados ("O Filho Pródigo", "Diana de França"), teve apenas dois grandes momentos em sua carreira, como a adúltera assassina de "O Destino Bate à Sua Porta" (papel mais tarde desempenhado por Jessica Lange) e a estrela de "Assim Estava Escrito", dirigido por Vincente Minnelli. Casamentos Contracenou com alguns dos mais cobiçados galãs de Hollywood, como Robert Taylor, Clark Gable, John Garfield, Kirk Douglas e John Wayne. Casou-se oito vezes, duas com o mesmo homem, Stephen Crane, dono de restaurante e pai de sua única filha, Cheryl Crane. Os demais, à exceção do músico Artie Shaw e do ator Lex "Tarzan" Barker, são nomes desconhecidos, mas com polpudas contas bancárias. Foi caso, entre outros, do milionário Howard Hughes e dos atores Tyrone Power e Fernando Lamas. Deu-se mal com todos eles. Sobretudo com o mafioso Johnny Stompanato, que a espancava a três por dois e acabou morto a facadas, em abril de 1958, pela filha da atriz, então com 15 anos. Escândalo internacional, a morte de Stompanato acabaria proporcionando a Lana um de seus maiores êxitos, "Imitação da Vida", velho melodrama que o produtor Ross Hunter e o diretor Douglas Sirk, num lance de oportunismo, readaptaram à tragédia pessoal da atriz. Depois de "Imitação da Vida", produzido em 1959, Lana iniciou sua inexorável decadência. Física, inclusive. Ao contrário de Joan Collins e outras vamps de seu tempo, não conseguiu estourar na TV, com a série "Falcon Crest". Deprimida, entregou-se ao álcool. Seu câncer foi descoberto em 1992 e parecia sob controle. Ou não estava ou a bebida o reavivou. Lana, nascida Julia Jean Mildred Frances Turner, morreu ao lado da filha, que há sete anos publicou um livro autobiográfico, "Detour", no qual revelava ter sido sexualmente molestada por Lex Barker. O maior melodrama de Lana foi a sua própria vida, inimitável. Texto Anterior: Promotora veta as 75 crianças nuas de ópera de Bia Lessa Próximo Texto: `Lídia de Oxum' convence com sincretismo e simplicidade Índice |
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