São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sudão arma população para guerra

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Sudão anunciou ontem que vai armar sua população para enfrentar uma eventual invasão de tropas do Egito.
Em pronunciamento feito ontem, comemorando os seis anos do golpe de Estado que o levou ao poder, o presidente sudanês, Omar Hassan al Bashir, disse que está pronto para enfrentar os egípcios.
A tensão entre os dois países começou a crescer na segunda-feira, quando o presidente egípcio, Hosni Mubarak, escapou de um atentado na capital da Etiópia, Adis Abeba.
Mubarak acusou o governo radical muçulmano do Sudão de ter tramado o atentado.
Os sudaneses têm como principal líder espiritual o fundamentalista Hassan al Turabi, da Frente Nacional Islâmica.
No Egito, Mubarak também enfrenta a oposição interna de fundamentalistas, sendo acusado de violações aos direitos humanos e às liberdades políticas em sua campanha contra os radicais.
"Mubarak devia deixar os etíopes investigarem melhor o caso antes de fazer julgamentos. O Egito mente sobre o Sudão e, assim, tenta atacar todos os muçulmanos", afirmou o ministro dos Assuntos Presidenciais do Sudão, Abdel-Rajim Mohammad Hussein.
Entre quarta e quinta-feira, tropas egípcias se concentraram na fronteira com o Sudão, na região conhecida como "triângulo de Halaib" (veja mapa abaixo). Houve confrontos, que mataram 2 sudaneses e expulsaram outros 70 de postos de fronteira.
A região é alvo de disputas desde o século passado, quando se levantou pela primeira vez a hipótese de que haveria grandes reservas de petróleo no subsolo.
Mubarak não confirma o deslocamento de tropas, mas ontem se referiu ao governo sudanês como "gangue de Cartum" (a capital do Sudão).
Numericamente, o Egito leva vantagem. Mubarak tem 430 mil soldados, contra 75 mil sudaneses.
A aviação egípcia tem cerca de 550 aviões de ataque e 75 helicópteros, contra cerca de 50 aeronaves e apenas 2 helicópteros do Sudão.
Além disso, os egípcios contam com uma ajuda anual de US$ 1 bilhão dos EUA desde o fim da década de 70, quando o então presidente egípcio, Anuar al Sadat, assinou acordo de paz com Israel. Especula-se que o Sudão receba ajuda de outros Estados fundamentalistas, como o Irã.

Texto Anterior: Fiel diz que santa chora na Holanda; González faz trocas em seu gabinete; Petróleo vaza no mar do Norte; Governo de Tóquio quer dissolver seita; Pesquisa britânica dá chances a Heseltine; Philip Morris recebe US$ 10 bi de emissora; Absolvido escultor que matou 'skinhead'
Próximo Texto: Ieltsin aceita a demissão de três 'superministros'; Gratchev fica
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.