São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995
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Brasileiro é refém por 30 horas na Guatemala

FLAVIO CASTELLOTTI

FLAVIO CASTELLOTTI; DANIELA FALCÃO
DA CIDADE DO MÉXICO

O capitão do Exército Brasileiro Rui Matsuda foi libertado na noite de anteontem na Guatemala por tropas da PAC (Patrulha de Autodefesa Civil), que o mantiveram como refém por cerca de 30 horas.
Matsuda é um observador militar da Minugua (Missão das Nações Unidas na Guatemala).
Ele foi aprisionado pela PAC na comunidade de San Antonio Tzejá (cerca de 200 km a noroeste da Cidade da Guatemala, a capital) com outros quatro membros de organizações internacionais.
A detenção se deu na manhã de quarta-feira. A Minugua tentou intervir num conflito entre tropas da PAC e camponeses repatriados do México para a Guatemala.
Os camponeses haviam deixado o país por causa do conflito entre governo e guerrilheiros. Ao voltar, encontraram suas antigas propriedades ocupadas pela PAC.
O conflito entre a PAC e os repatriados deixou pelo menos dez feridos. Segundo funcionários da Minugua, o ambiente na região continua tenso.
O líder da PAC, Raúl Martínez, disse que não negocia com os camponeses e exige a intervenção direta do presidente da Guatemala, Ramiro de León Carpio, na resolução do conflito.
Segundo a Minugua, a PAC deteve os representantes de organizações internacionais justamente para obter maior poder de barganha nas conversações.
A Justiça da Guatemala emitiu ordem de apreensão contra Martínez, baseada em "agressão física". A tomada dos reféns "foi uma ação abusiva", disse à Folha Sérgio Damasceno Vieira, embaixador do Brasil na Guatemala.
Além de Matsuda, o grupo de reféns incluía o canadense Graham Russell, da Minugua, a americana Paola Worby, das Nações Unidas, o americano Daniel Long e a francesa Anne-Marie Subervie, de organizações não-governamentais.
A PAC é um grupo paramilitar que atua no noroeste da Guatemala (fronteira com o México) há aproximadamente dez anos.
Há suspeitas de que esteja ligada ao EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), que promoveu, no início de 1994, o movimento armado no Estado de Chiapas (México). A região do conflito na Guatemala faz fronteira com o Estado mexicano.
Além da Minugua, várias organizações monitoram a volta dos camponeses à Guatemala.

Colaborou DANIELA FALCÃO, de Nova York

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