São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Plano Real inverte sinal da política de comércio exterior

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Plano Real trouxe o fim da política de comércio exterior do país dos últimos 13 anos, que tinha como principal objetivo gerar saldo de no mínimo US$ 10 bilhões por ano.
O saldo na balança comercial é o total de exportações menos as importações em um período.
Técnicos do governo consultados pela Folha prevêem que este ano a balança comercial deverá registrar seu pior desempenho desde 1980. Nesse ano, a crise do petróleo fez o país importar US$ 1,2 bilhão a mais do que exportou.
Oficialmente, a equipe econômica, agora sob o comando do ministro Pedro Malan (Fazenda), prevê um superávit de US$ 2 bilhões em 95. No entanto, técnicos do governo dizem, em conversas reservadas, que esse resultado está descartado. No primeiro semestre, o déficit deverá passar dos US$ 4 bilhões.
A análise mais conservadora que se faz internamente no governo é que ainda é possível eliminar o saldo negativo e acabar o ano com a balança equilibrada.
Mas isso dependeria de uma desvalorização do real no segundo semestre, da queda dos juros e de incentivos aos exportadores.
Os déficits mensais na balança são resultado da política de abertura da economia aliada à sobrevalorização do real frente ao dólar. Com o Plano Real, a alíquota média de II (Imposto de Importação) passou de 50% para 14%.
No prazo de um ano, as compras mensais no mercado externo aumentaram em mais de 90%, saltando de US$ 2,5 bilhões para US$ 4,8 bilhões.
Para gerar superávit, o governo aposta no projeto que circula no Congresso que prevê a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para os exportadores.
Caso o projeto seja aprovado na reforma tributária, o incentivo aos exportadores será da ordem de US$ 1,5 bilhão ao ano.

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