São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Lá e aqui

SÍLVIO LANCELLOTTI

O próximo Campeonato Italiano só vai começar no dia 27 de agosto. De todo modo, com quase dois meses de antecedência, inúmeras novidades antecipam a temporada 1995-96 na Velha Bota.
Para começar o raciocínio, já estão designados os mediadores que arbitrarão os 306 cotejos da Série A do país. E os 360 combates da segunda divisão.
Quatro equipes desabaram à Série B: Brescia, Cremonese, Foggia e Genoa. Outras quatro assumiram as suas posições na liga principal: Atalanta, Piacenza, Udinese e Vicenza, o ex-Lanerossi de quatro décadas atrás.
Ainda faltam, praticamente, dois meses para um novo certame se iniciar. E, no entanto, a Federação da Bota já designou os condutores que cuidarão dos jogos da próxima ``stagione". Apresento alguns exemplos elementares.
O Campeonato da Itália ostentou, até 94-95, 36 apitadores por temporada. Caíram Francesco Arena (que não viu um tento legítimo, bola na rede, além da linha fatal), Líbero Grignoccoli (que expulsou dos seus vestiários o dirigente de um clube hospedeiro) e Carlos Dinelli (que não recebeu as notas mínimas nos jogos que dirigiu).
Ou seja, implacavelmente, a Bota detonou apitadores que, por uma razão ou outra, não conseguiram preservar as suas condições de participantes da Série A.
Trata-se de um exemplo. E retorno quase sete anos, quando o corintiano Adílson Monteiro Alves, exemplo de cartola, comandava o departamento de árbitros da FPF, a Federação Paulista.
Foram os 12 meses de maior dignidade e honestidade na escolha dos juízes de futebol. Operação sem erros, e sem acusações.
Na véspera da decisão de um Campeonato Paulista que envolvia o seu time, o Coringão, o mago Adílson realizou um sorteio para determinar o condutor de um embate fundamental entre o seu Corinthians e o Guarani do mandante da Federação, o dr. Farah.
Adílson Monteiro Alves permanece como um exemplo de compostura e caráter. Mas, eu pergunto, com o máximo respeito por Gustavo Caetano, o cartola dos mediadores em São Paulo: quem vai demitir os incompetentes?
As arbitragens representam o estigma do futebol do Brasil. Dias atrás, o eficiente, aposentado, Renato Marsiglia lamentava a ausência das Federações nos momentos em que um ``homem de preto" necessitava de algum apoio para a continuidade de seu ofício.
Lamentável omissão. Craques como Marsiglia e Márcio Rezende de Freitas, no mínimo, mereceriam mais atenção e mais respeito. Os times e o torcedor, também.

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