São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995 |
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Arafat quer aceleração do processo de paz
CURTIS BILL PEPPER
Isso implica realizar eleições palestinas o mais breve possível, antes de estender a autonomia, hoje restrita à Faixa de Gaza e a Jericó, a toda a Cisjordânia. Mas a grande dúvida persiste: um homem que encorajou o terrorismo pelo mundo afora pode controlar o terror que ameaça desencaminhar sua própria causa? Em uma rara entrevista, o líder palestino é visto em um momento de desespero, logo após um atentado terrorista -mas afirma que vai terminar por vencer e construir uma pátria palestina. Numa conversa que foi longe, Arafat comentou a profunda afinidade que sente por seus "primos judeus", as 40 tentativas de assassinato de que já foi vítima -e, prevendo a possibilidade de algum atentado futuro vir a dar certo, algumas palavras finais para seu povo e sua terra prometida. Eu fazia cooper na praia em Gaza e repentinamente me vi cercado por um bando de crianças. Elas gritaram e atiraram pedras em mim, como haviam atirado nos soldados israelenses durante a Intifada (a revolta palestina contra os israelenses). ``Você precisa compreender", me explicou um amigo árabe. ``Esses meninos perderam seu alvo. Agora atiram pedras uns aos outros, até na escola." Pouco depois falei com Iasser Arafat em seu escritório, num ex-clube de praia em Gaza. O presidente da OLP estabeleceu ali um minigoverno, a Autoridade Nacional Palestina, com autonomia limitada à faixa de Gaza e à sonolenta cidade de Jericó -uma pequena cabeça de ponte para um futuro Estado palestino que deverá incluir a Cisjordânia. Arafat vestia um suéter cáqui e seu já tradicional lenço árabe preto e branco na cabeça, com a parte superior dobrada de modo a parecer o antigo mapa da Palestina. Ele tem uma presença forte e viril, e seu rosto possui uma certa ferocidade latente. Mas seus 65 anos se evidenciam nos traços enrugados, cabelo grisalho, barba rala por fazer e barriga caída. Texto Anterior: Parentes de mortos ficam sem informação Próximo Texto: Líder nasceu como refugiado Índice |
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