São Paulo, domingo, 2 de julho de 1995
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Sinal amarelo

As sucessivas vitórias do governo no Congresso Nacional, ao longo dos três últimos meses, não foram capazes de mudar a avaliação que a população faz do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele continua com os 40% de ótimo/bom registrados na pesquisa anterior, em março. Na verdade, subiu um ponto percentual, o que é estatisticamente desprezível.
Esse dado, apurado em pesquisa nacional feita pelo Datafolha, contrasta com os 70% que esperavam dele uma gestão ótima/boa, nas vésperas de sua posse.
A estabilização do prestígio presidencial parece explicar-se pelo fato de que a maioria relativa dos pesquisados (44%) não perceberam mudança na sua vida, para pior ou para melhor, após a posse de FHC.
Também se explica, aparentemente, pela queda no prestígio do real, a moeda introduzida faz um ano. Embora continue com uma aprovação extraordinária (69% dos consultados dizem que o plano é bom para o país), o real chega ao primeiro aniversário com o mais baixo índice de aprovação.
O pico (79%) havia sido alcançado exatamente às vésperas da posse de Fernando Henrique Cardoso, em pesquisa realizada entre os dias 12 e 14 de dezembro.
De lá para cá, ou seja, durante o período de FHC na Presidência, a aprovação ao real caiu para 75% em janeiro e, agora, para 69%.
Os números servem para acender um sinal amarelo em relação ao real por uma razão simples: é natural que a estabilização da economia tenha popularidade. Mais popularidade ainda quando coincide com a explosão do consumo, como ocorreu no primeiro trimestre. O fato de a economia ter, a partir de então, iniciado um processo de desaquecimento explica, portanto, a queda no prestígio da nova moeda.
É uma indicação, ainda tênue, de que a população em geral começa a sentir o peso da desaceleração econômica, um sinal que o governo não deveria desprezar pelo fato, de resto animador, de o plano manter a aprovação de quase 7 em cada 10 brasileiros.

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