São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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Recomeça o consumo de produtos caros

SYDNEY MANZIONE JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

Após o Plano Real surgiu, novamente, a discussão em torno do valor dos produtos. Muito se falou sobre a compra estar balizada na diferença entre custo e benefício, ou seja, o consumidor estaria preocupado em comprar o melhor que seu dinheiro pode pagar. Houve momentos onde o consumidor levava o produto mais barato, quando levava.
Muitos mercados tiveram seus volumes crescentes em época de crise, unicamente porque o produto emprestava ``status" a quem o usava, ou, ainda, por serem típicos de auto-gratificação -``já que não posso comprar um apartamento, por que não um perfume?"
Nos últimos meses, havia forte tendência do consumo se centrar nos produtos de baixo preço. Era nítido o crescimento de participação de mercado para os produtos de baixo preço.
Muitos consumidores passaram a consumir certas categorias de produtos por aquelas marcas que ofereciam menor preço.
Parece, no entanto, que algo diferente acontece agora. Analisando 30 categorias de produto, selecionadas das cestas de alimentos, saúde e higiene, limpeza caseira e bebidas, separamos as marcas com preços mais baixo -aquelas cujo preço se encontrava abaixo do preço médio de venda ao consumo.Exemplificando: a categoria uísque tem um preço médio de venda. As marcas de uísque que têm preço mais baixo que essa média são consideradas de preço ``baixo".
Dentre as 30 categorias, em 25 encontramos tendências de redução de participação do grupo de preço baixo, em detrimento do grupo com preço superior. A tendência é suave, porém constante.
Por meio dessa análise verificamos que há algumas substituições entre marcas de preços diferenciados, que ocorrem em função de mudança de hábitos. Voltando ao exemplo do uísque, ao mudar de categoria de preço o consumidor passa a consumir o importado.
Outro exemplo pode ser encontrado no caso dos bronzeadores. Alguns consumidores deixam de usar o produto comum para usar o que possui filtro solar, que tem conceito diferente e preço maior.
Pode ser cedo para se chegar a alguma conclusão sobre o consumo de marcas de preço maior, mas essa tendência não deixa dúvidas.
A única e certa conclusão do momento é que a aceleração de consumo das marcas baratas, proporcionalmente maior que a de outras parece ter diminuído.
Ficam ainda algumas questões. Entre elas: o consumidor efetivamente passa a procurar marcas de preço mais alto ? As vendas dos produtos de preço baixo já atingiram o patamar que lhes cabe ?
Certo é que, no Brasil, os movimentos de mercado ainda se dão mais pelos movimentos da economia do que por fatores vinculados a grandes estratégias de marketing.

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