São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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São Paulo apenas adia a sua agonia

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Embolou tudo, né? Nos números da tabela, sim. Mas, pelo que mostraram ontem São Paulo e Palmeiras, o tricolor apenas adiou sua agonia, pois, se houvesse mesmo um deus dos estádios, este teria decretado a vitória alviverde, até por goleada.
Sim, porque durante três quartos da partida o Palmeiras foi senhor da bola, dos espaços, enquanto o São Paulo mal conseguia gaguejar as primeiras frases da cartilha: a bola e o menino; a bola é do menino. No primeiro tempo, o Palestra perdeu pelo menos quatro oportunidades únicas de marcar, enquanto o São Paulo raramente se aproximava da área rival. Na volta, já sem Amaral, o Palmeiras cedeu campo ao adversário, que deu a falsa impressão de reagir. Falsa porque, com a bola e o espaço a sua disposição, não conseguiu ir além de dois chutes perigosos de Aílton, se tanto.
O fato é que o Palmeiras tem muito mais time. Já o São Paulo chega à fase decisiva do campeonato sem um esquema definido, sem Juninho, e no vórtice de um rodízio de jogadores que não se combinam entre si.

Corinthians e Portuguesa são duas equipes que se esmeram na marcação do meio-campo e na solidez de suas respectivas defesas. Por isso mesmo, não foi surpresa nenhuma o jogo de sábado ter sido tão truncado, faltoso, reticente, sobretudo no primeiro tempo. O curioso é que, apesar disso, sobraram as chances de gol. Se a partida tivesse terminado num 4 a 3, para qualquer um dos dois, por exemplo, não haveria nenhum exagero, muito menos injustiça.
Isso porque o equilíbrio de forças foi a palavra de ordem do clássico, disputado como se fosse uma final. E era, pelo menos para o Corinthians, que não poderia deixar a Lusa de Candinho disparar na ponta da tabela. Tanto que bastou ser expulso um jogador do Corinthians para, logo em seguida, a Lusa ser punida com igual pena. E mais: foram expulsos exatamente dois jogadores de meio-campo, o que, até a exclusão de Bernardo, já no fim, deixou elas por elas, com uma vantagem para o espectador: a bola correu mais solta na zona de criação que no futebol moderno passou a ser a área de impasse.
A diferença foram a lucidez e a técnica de Marcelinho, que, num átimo de desatenção lusa, meteu uma bola açucarada no que o saudoso técnico Coutinho chamavade ponto-futuro, onde materializou-se do nada o veloz lateral Vítor para definir o jogo. Do nada, uma ova, posto que essa jogada tanto foi ensaida pelo técnico Eduardo Amorim que só nessa partida havia se reproduzido por três vezes antes.
Portanto, embora possa parecer a vitória do fortuito, foi mesmo resultado de complexa combinação de técnica individual, reflexo apurado, preparo físico e muito treinamento.

Já o Santos, ao meter 3 a 2 no União, na Vila esburacada, renasceu na disputa do seu grupo. Graças, principalmente, ao talento e ao oportunismo de Giovanni, autor de dois gols e das jogadas mais refinadas da partida. Ah, Zagallo, Zagallo...

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