São Paulo, segunda-feira, 3 de julho de 1995
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Banespa rescinde contratos de co-produção

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banespa rescindiu na semana passada seis dos 12 contratos de co-produção de filmes de longa-metragem que tinham resultado do Programa Banespa de Apoio à Indústria Cinematográfica, instituído há dois anos.
Com a decisão, comunicada por fax aos produtores envolvidos, deixam de ser financiados pelo banco os filmes de Hector Babenco (``Foolish Heart"), Cacá Diegues (``Dias de Luz"), Arnaldo Jabor (``Miss Simpson"), Ana Carolina (``Páscoa em Março, Fome e Mormaço"), Geraldo Sarno (``Babalaô") e Antonio Carlos Fontoura (``Hospital Brasil").
A alegação do banco para a atitude foi a mesma para todos os casos: a documentação apresentada pelos produtores para comprovar o aporte de recursos de outras fontes para os projetos estava incompleta.
O Banespa, que há dois anos realizou concurso para destinar US$ 4 milhões à atividade cinematográfica, comprometeu-se a entrar como co-produtor dos filmes selecionados desde que os realizadores comprovassem ter como obter os recursos necessários para completar seus orçamentos.
Os cineastas que tiveram seus contratos rescindidos criticam o procedimento do banco, que segundo eles impôs dificuldades para a consecução da parceria.
Segundo Fontoura, em dezembro passado, um diretor do banco, Washington Pereira, disse aos produtores que eles não precisavam, para regularizar sua situação com o Banespa, apresentar contratos formais dos outros investidores, mas apenas cartas de intenção.
``Dois dias antes do fim do prazo para apresentação da documentação, em abril, o departamento jurídico do banco disse que as cartas não bastavam e exigiu os contratos formais", diz Fontoura.
Ramalho diz que a burocracia do banco dificultou a regularização dos contratos: ``Não tínhamos nem a quem entregar os documentos", afirma o produtor.
O cineasta Arnaldo Jabor, incluído entre os inadimplentes, já havia desistido do projeto, mas concorda com Ramalho e Fontoura: ``O Banespa nunca quis que esse dinheiro fosse para a cultura. A crise financeira do banco foi o pretexto dos burocratas para acabarem com o programa, que vai contra o corporativismo e os interesses corruptos internos ao banco".
O gerente-adjunto de marketing cultural do Banespa, Juarez de Souza, um dos responsáveis pelo acompanhamento do programa, afirma que os contratos foram rescindidos porque a documentação exigida estava incompleta.
Segundo ele, os produtores deixaram de cumprir outros pontos do contrato. ``Havia uma cláusula dizendo que o dinheiro dos outros investidores deveria ser depositado no Banespa. Em alguns casos, isso não ocorreu. Os produtores aplicaram dinheiro em outros bancos."

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