São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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Patroa é acusada de roubar empregada

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Erramos: 11/07/95
A dona-de-casa Sílvia Rejane Ventura Rolim, 37, será indiciada por estelionato sob a acusação de furtar e falsificar cheques de sua empregada doméstica, em Porto Alegre (RS).
Segundo o delegado Ivair Mainart, da 2ª delegacia de Porto Alegre, no último depoimento que prestou à polícia, anteontem, Sílvia, pertencente à classe média, confessou ter retirado três folhas do talão de cheques da doméstica Beatriz Zarichta, 39.
O banco (Banrisul) não os descontou por falta de saldo. O terceiro cheque não havia sido localizado até ontem.
O delegado disse que, inicialmente, a patroa havia negado o furto.
``Não tive dúvidas de que a patroa tinha pego os cheques ao pedir para ela assinar o seu depoimento. A caligrafia dela era igual à da assinatura do cheque", disse o delegado, para quem a evidência foi tão flagrante que ``nem precisa de perícia".
A irmã da acusada, Sônia, disse ontem que Sílvia Rejane não furtou os cheques e que a empregada -que já deixou o emprego- está mentindo.
A Agência Folha tentou ouvir a advogada Jussara Gauto, que defende a dona-de-casa, mas não a localizou em seu escritório ou na casa de sua cliente. A acusada não quis atender o telefone.
O delegado Ivair Mainart disse que, em 22 anos de carreira policial, é a primeira vez que investiga um caso em que a patroa é acusada de furtar a empregada. ``Geralmente, ocorre o contrário."
Na próxima semana, o delegado enviará o inquérito que indicia Sílvia à Justiça. Ela deve permanecer em liberdade. O crime de estelionato prevê pena que varia de um a cinco anos de prisão.
A doméstica disse que ``não queria acreditar" quando desconfiou que a patroa tinha pego três folhas do seu talão de cheques. A empregada decidiu, na semana passada, avisar a polícia.
O delegado disse ter duvidado da história e achado que era um caso de briga, porque a doméstica também contou que estava com o salário (dois mínimos) do mês passado atrasado.

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