São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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EUA reduzem taxa de juros

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

O Fed (banco central norte-americano) baixou ontem os juros de curto prazo dos EUA de 6% para 5,75%. Foi a primeira vez em três anos que o Fed cortou os juros.
Desde fevereiro de 94, a taxa estava inalterada.
O anúncio não chegou a ser surpreendente. A economia norte-americana vinha dando sinais de estagnação desde o início deste ano.
Apesar da sinalização de uma possível recessão (queda continuada por três trimestres consecutivos do nível de atividade da economia), boa parte dos analistas acreditava que o Fed manteria as taxas inalteradas. Eles apostavam em uma recuperação natural da economia a partir dos meses de setembro ou outubro.
“Os indicadores econômicos divulgados recentemente traziam conclusões ambíguas”, disse Roberto Brusca, analista da Nikko Bond Tranding, de Nova York.
Para ele, era “óbvio que a economia norte-americana estava sofrendo desaquecimento, mas tudo levava a crer que haveria uma recuperação no fim do ano”.
Em comunicado distribuído à imprensa logo após o anúncio do corte das taxas de juros, o presidente do Fed, Alan Greenspan, disse que não havia mais sentido manter os juros altos. Greenspan assegurou que a inflação estava “totalmente sob controle”.
Entre os anos de 1993 e 1994, o Fed promoveu sete aumentos consecutivos da taxa de juros.
Essa elevação foi um dos motores da crise mexicana, de dezembro de 1994. Os juros elevados dos EUA tornaram menos atraentes as aplicações na América Latina, por definição mais arriscadas, embora mais rentáveis.
A alta foi justificada pela necessidade de o Fed frear o crescimento econômico e evitar uma onda de reajuste de preços com reflexos nos índices de inflação.
Agora, a decisão de baixar os juros visa evitar, principalmente, que a economia norte-americana entre em recessão.

Nova queda
“Talvez o Fed tenha exagerado no ano passado ao aumentar tanto a taxa de juros e, agora, está pagando o preço com a recessão. Mas ainda dá para reverter a tendência e retomar o crescimento”, disse Brusca.
Para o analista Bob Falconer, da Aubrey G. Lanston, se a economia não der sinais de recuperação nos próximos 30 dias, o Fed pode voltar a baixar os juros.
“A inflação, que é a maior preocupação do Fed, está controlada. Por isso, acho que eles não vão hesitar em promover novos cortes na taxa de juros se o crescimento da economia continuar lento” , afirmou Falconer.
O PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA cresceu 2,7% no primeiro trimestre de 95. Nos últimos três meses de 94, havia crescido 5,1%. A expectativa dos economistas para o segundo trimestre deste ano é de que o crescimento fique perto de zero.
Com a redução da taxa de juros do Fed, os bancos também diminuem os juros que cobram de empresas e consumidores na hora de dar empréstimos.
O resultado é que as indústrias investem no aumento de sua capacidade produtiva e os consumidores compram mais, fazendo com que a economia volte a crescer.
O Fed se reúne de novo em agosto. O comitê que decide sobre mudanças nas taxas de juros é formado por 12 membros do Fed e se encontra oito vezes por ano.
Alterações nos juros fora desse período só podem ser feitas pelo presidente do banco, em casos excepcionais.

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