São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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Japão acusa ex-mafioso por gás em Yokohama

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia japonesa acusou ontem Koji Hara, 29, por lançar gases venenosos em abril na cidade portuária de Yokohama.
Segundo a agência noticiosa "Jiji", Hara pertenceu à Yakuza, a máfia japonesa. A agência "Kyodo" disse que ele lançou gases por estar desempregado e ter problemas com a mulher.
Houve pelo menos três incidentes com gases tóxicos em Yokohama durante o mês de abril. No pior deles, no dia 19, mais de 500 pessoas foram levadas a hospitais após o lançamento de um gás em vagões e numa estação de metrô.
O suspeito, preso por um caso de desfalque, admitiu à polícia ter disseminado um tipo de gás lacrimogêneo em vários pontos de Yokohama (que fica a cerca de 20 km ao sul de Tóquio).
Segundo a polícia japonesa, o gás foi espalhado por meio de uma lata de aerossol, do tipo usado para defesa pessoal.
Aparentemente, Hara não tem nenhuma ligação com a seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade), acusada pelo atentado com gás sarin no mês de março em Tóquio, que matou 12 pessoas e intoxicou cerca de 5.000.
Segundo a polícia, não há razão para a Aum Shinrikyo ter lançado os ataques em Yokohama, que fica fora dos limites de ação de seu inimigo declarado: a polícia metropolitana de Tóquio.
Ontem passageiros voltaram a reclamar de estranhos odores no maior terminal ferroviário da capital japonesa. Ambulâncias foram deslocadas para o local, mas ninguém saiu intoxicado.
Na noite de terça-feira houve outros ataques frustrados com gás cianeto em Tóquio. Quatro pessoas ficaram intoxicadas.
Segundo Kozo Igarachi, porta-voz do governo japonês, há fortes indícios de que a Aum Shinrikyo esteja envolvida nos últimos incidentes em Tóquio.
O guru da seita, Shoko Asahara, e 33 de seus seguidores foram acusados pelo atentado de 20 de março no metrô.
Na quarta-feira, ele foi acusado por ter ordenado o estrangulamento de um fiel que queria abandonar a seita.
Asahara também é suspeito de ter ordenado a produção de alucinógenos, "soro da verdade", estimulante e outras drogas ilegais.
A seita mantinha no sopé do monte Fuji (100 km a oeste de Tóquio) um complexo de edifícios onde havia laboratórios e depósitos de produtos químicos.
Sete membros da seita acusados de envolvimento no atentado de março continuam foragidos.
Segundo a polícia, os dispositivos usados em estações de metrô de Tóquio nesta semana estavam programados para soltar gás cianeto na hora de maior movimento.
A quantidade de produtos químicos encontrada era suficiente para matar mais de 9.000 pessoas, segundo a polícia.

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