São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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Caminhos da morte

O relatório da Anistia Internacional divulgado nesta semana em Londres indica duas novas e inquietantes características das violações aos direitos humanos em 94.
Registra-se em todo o mundo -países com ou sem guerras- um considerável aumento da violência contra mulheres e crianças; além disso, as agressões têm ocorrido mais frequentemente a céu aberto do que em celas de prisões, como ocorria habitualmente.
Embora a ``racionalidade" bélica que assola regiões como a ex-Iugoslávia ou a Tchetchênia não discrimine critérios morais para suas ações, essa mudança no perfil das denúncias feitas pela entidade internacional parece introduzir nos conflitos um componente de generalização da violência, ao qual dificilmente poderão resistir os elos básicos da sociabilidade.
Já o Brasil, mesmo fora de um conflito em escala global, com os seus já rotineiros registros de hostilidade a menores, maus-tratos a presos comuns, ações de ``esquadrões da morte", execuções de trabalhadores rurais e líderes sindicais, além da exorbitância da ação policial, continua ilustrando esse progressivo descontrole da violência e a deterioração dos veículos institucionais que poderiam detê-la.
A sofisticação do ``know-how" da morte, que acompanha a escalada de violações aos direitos do homem em todo o mundo, coloca hoje, com especial dramaticidade, a importância de se adotarem medidas que, em vez de responderem à violência com instrumentos de natureza semelhante, estejam em acordo com a mais estrita observância da legalidade e dos princípios da dignidade humana. Infelizmente, o mundo parece ainda muito longe desse ideal.

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