São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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Bilionários de hoje

O primeiro colocado na lista dos maiores bilionários do mundo, Bill Gates, tem sua fortuna pessoal estimada em US$ 12,9 bilhões pela revista ``Forbes". Há apenas um ano, o presidente da Microsoft tinha US$ 8,2 bilhões. Além de qualidades pessoais e competência, o enriquecimento deve-se à área de atuação de sua empresa. Gates é sócio majoritário da firma líder em programas de computador. Ganha espaço no mundo um tipo de produção que é cada vez menos concreta.
Vende-se tecnologia e conhecimento quase em estado puro, bens impalpáveis. E seu valor ultrapassa em muito o dos insumos ou produtos de baixa incorporação de tecnologia. Um programa gráfico usado em microcomputadores pessoais, por exemplo, pode custar US$ 5.000. Uma tonelada de chapas de aço vale pouco menos de US$ 300.
Outro fenômeno que a lista dos mais ricos ilustra é o vigoroso crescimento econômico dos países do sudeste da Ásia -e, naturalmente, a forte concentração de renda que também lá existe. Das dez maiores fortunas, quatro pertencem a bilionários dos chamados tigres asiáticos. Dois são de Hong Kong, um é sul-coreano e o outro, de Taiwan.
Em um mundo que ainda associa a riqueza à posse de matérias-primas e à grande produção fabril, dificilmente se poderia imaginar que uma pequena ilha como Taiwan produzisse a quinta maior fortuna do planeta. Parece ainda menos previsível que de um país que não passa de uma cidade surgiriam dois dos dez maiores bilionários.
Esse enriquecimento ocorre em países que apostaram em tecnologia e educação. Na Coréia do Sul, pátria do nono colocado na ``Forbes", 94% da força de trabalho chegava ao segundo grau, já em 1985. No Brasil essa taxa era de 35%. Enquanto só 6% dos brasileiros tinham curso superior, 18,8% dos coreanos passavam pela universidade. E essa diferença deve-se a uma escolha de prioridades, Brasil e Coréia tinham há dez anos uma renda ``per capita" similar.
Além de mostrar impressionantes concentrações de renda, a última lista dos bilionários é a comprovação dos rumos que toma a economia mundial. A mão-de-obra barata é uma vantagem cada vez menos importante. Já a massa de cidadãos sem instrução é um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento.

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