São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cavallo admite aumento do desemprego

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

O ministro argentino da Economia, Domingo Cavallo, admitiu ontem pela primeira vez que a mais nova pesquisa sobre o emprego registrará ``aumento muito importante do desemprego".
A pesquisa anterior, divulgada em setembro de 1994, já mostrava desemprego recorde na história argentina, na altura de 12,2% da população economicamente ativa.
O novo levantamento, do qual Cavallo disse ter a metade pronta, sai este mês. Vazamento antecipado pelo matutino ``Clarín", no domingo, situava o desemprego em torno de 14%.
Trata-se do mais grave problema para o presidente Carlos Saúl Menem, ao iniciar, hoje, o seu segundo mandato, que vai até 1999.
Mas Cavallo tratou de minimizar o questão elaborando uma explicação curiosa: para ele, o aumento do desemprego se deve pouco ao fechamento de postos de trabalho e ``enormemente à vontade das pessoas de trabalhar".
O que o ministro quer dizer é que teria aumentado o número de pessoas que buscam trabalho, em especial as mulheres. Como não encontram, engrossam as estatísticas de desemprego.
Mas o ministro insistiu na sua previsão de que a Argentina crescerá 3% este ano, ao contrário de projeção das Nações Unidas que indica crescimento zero.
``Não pudemos evitar que, em 1995, o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas) cresça menos do que em anos anteriores", disse Cavallo, aludindo ao fato de que, entre 91 e 94, a economia cresceu 34%.
Prometeu, no entanto, retomar o nível de crescimento dos anos anteriores já em 1996.
O ministro aproveitou para responder, embora sem citá-lo, ao governador da Província de Córdoba, Eduardo Angeloz, que anunciou anteontem a sua renúncia ao cargo com duras críticas a Cavallo, também sem mencioná-lo nominalmente.
``Entrego minha cabeça porque não estou disposto a me colocar de joelhos ante qualquer tecnocrata messiânico", disparou Angeloz.
Cavallo rebateu: ``Esse jogo político de jogar a culpa nos outros não pega mais".
O discurso de Cavallo foi pronunciado na presença do presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, no ato de encerramento do seminário `À Banca e a Produção", organizado pelos bancos estrangeiros instalados na Argentina.

Texto Anterior: Bolsa de Valores mexicana se recupera
Próximo Texto: Estados Unidos têm menos desempregados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.