São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995 |
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Debate aproxima cinema do jornalismo
DA REDAÇÃO O jornalismo tem sido, desde o início da história do cinema, um de seus temas mais constantes, e a interseção entre as duas áreas resultou em alguns dos melhores filmes já produzidos, como ``Cidadão Kane" (1941), de Orson Welles.Esse foi um dos pontos de concordância entre os participantes do debate ``Jornalismo no Cinema", promovido anteontem pela Folha. ``Quando o cinema enveredou pelo caminho da ficção, um dos temas recorrentes foi o jornalismo, sempre com um olho crítico", afirmou o jornalista e escritor Alberto Dines. ``O cinema nasceu repórter", completou. O crítico e professor de cinema na USP Ismail Xavier assinalou a importância do cinema dos anos 60, na ruptura de um constante ``aspecto assimétrico na conexão entre jornalismo e cinema". Para ele, a constante separação dos dois gêneros foi quebrada no momento em que cineastas como Jean-Luc Godard e Glauber Rocha ``incorporaram aos filmes o momento em que estavam sendo filmados, coisa que Hollywood se esforçava por esconder". O cineasta e articulista da Folha Arnaldo Jabor reforçou a idéia falando de sua experiência no Cinema Novo. ``Muitos dos cineastas dos anos 60, como o Glauber, o Cacá Diegues, o David Neves e eu, vieram do jornalismo", disse. ``O Cinema Novo nasceu como um desejo jornalístico de mostrar uma realidade escondida." O crítico e professor de cinema Fernão Ramos deteve-se em ``Cidadão Kane", que, para ele, explora o ``elemento central da discussão do jornalismo hoje, que é a questão do sensacionalismo". Ramos disse que a questão é bem-colocada no filme pelo personagem-título, inspirado em William Hearst, ``uma espécie de Roberto Marinho dos anos 30 nos EUA". A parte final do debate foi aberta à participação do público. As perguntas desviaram a discussão para temas relacionados ao cinema atual, como as produções industriais de Steven Spielberg. A crítica e colaboradora da Folha Lúcia Nagib foi a mediadora do debate. A mostra ``Jornalismo no Cinema" é uma promoção da Folha, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, da Cinemateca Brasileira, da Cinemateca do MAM-RJ, do British Film Institute (Londres) e da Editora da Unicamp Texto Anterior: Orquestras londrinas vivem crise financeira Índice |
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