São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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FHC ataca para evitar debate sobre salários

Ele chama esquerda de `burra' e PSDB de avestruz

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Fernando Henrique Cardoso teve uma semana pouco tucana. Adiantando-se aos inevitáveis ataques à medida provisória que eliminou os reajustes automáticos de salários, o presidente chamou a esquerda de burra e o tucanato de avestruz.
O discurso zoófilo de FHC irritou o PT, intrigou o PSDB e renovou o ânimo do PFL, chamado de ``inteligente". Mas não conseguiu esvaziar o debate em torno dos salários. Uma discussão que o governo gostaria de ver postergada.
A algaravia em torno da medida provisória que emagreceu os salários sobreviveu até ao marasmo do Congresso, em sua primeira semana de recesso. Ficou evidenciado que o texto da proposta será modificado.
O Congresso planeja eliminar as restrições impostas pela medida à livre negociação salarial. Pretende-se, por exemplo, definir melhor o conceito de ganhos de produtividade.
Planeja-se ainda eliminar qualquer dúvida quanto à possibilidade de concessão de aumentos salariais espontâneos. A figura do mediador deve ser, de resto, melhor caracterizada.
O próprio governo começa a convencer-se da necessidade de melhorar o texto de sua medida provisória. Os sinais de boa vontade são emitidos do Ministério do Trabalho.
Na sexta-feira, da Argentina, Fernando Henrique manteve o discurso uma colcheia acima do normal. Perguntaram-lhe o que acontecerá se os aumentos salariais forem repassados para os preços. Disse que cortará os créditos oficiais dos empresários que não colaborarem.

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