São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 1995 |
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A TV que políticos querem Reportagem publicada ontem por esta Folha mostra até onde pode chegar o entusiasmo de parlamentares por projetos no mínimo estranhos. Representantes de minorias, etnias e religiosos, estes políticos pretendem interferir na programação das TVs, obrigando-as a divulgar seus interesses particulares e, para isso, fazem tramitar atualmente 95 projetos no Congresso. Entre eles, há quem peça a volta da censura pura e simples. O deputado evangélico Salatiel de Carvalho (PP-PE) quer proibir cenas de sexo. Nudez, só em filme de prevenção ao câncer de mama. A maioria, entretanto, peca por querer um excessivo número de regulamentações. Como o senador Lauro Campos (PT-DF), que quer ver regulamentado até mesmo o volume do som dos intervalos comerciais. Ou sua colega de partido, a senadora Benedita da Silva, que quer obrigar as emissoras a incluir 40% de profissionais negros na idealização e realização de suas produções. Sem contar a exigência de mensagens diárias as mais diversas. O incentivo às hortas domésticas é apenas um exemplo. Há pelo menos um projeto que caminha em direção oposta. Em vez de tentar impor normas às televisões, o deputado Fernando Gabeira pretende restringir um direito já adquirido pela classe política: reduzir para cinco minutos os programas dos partidos e apresentá-los em horários alternados. O Brasil está entre os países com o maior número de regulamentações. Ainda que às televisões brasileiras faltem programas educativos, considerando-se seu poder de penetração em todos os segmentos da sociedade, é preciso que estes projetos sejam analisados com o máximo rigor e atenção do Congresso. E que sejam rejeitados os que atenderem apenas a segmentos específicos da população. Texto Anterior: "Credo quia absurdum" Próximo Texto: Coerência e diarréia Índice |
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