São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diretor ganha mais que FHC

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ingresso no governo do PT rendeu melhorias salariais para o ex-tesoureiro do Sindicato dos Bancários Afonso Oliveira Almeida. Passou de um salário de R$ 2.000, como escriturário, para os atuais R$ 9.000, que recebe como diretor de Administração do Banco de Brasília.
No mês de abril ele chegou a ganhar R$ 13.600 -recebeu mais R$ 4.600 a título de ``abono-assiduidade". Ocorre que a assiduidade se deu quando ele era escriturário do banco.
O cálculo do abono-assiduidade foi feito, porém, com base no salário de diretor (R$ 9.000). No dia 6 de julho, Almeida afirmou à reportagem da Folha que o cálculo é sempre feito com base no salário atual, ``como diz a lei".
No dia seguinte, ele enviou fax à Folha informando que havia reexaminado a lei: ``Após nossa conversa e também me reportando à lei, percebi que o contrato de trabalho do diretor-funcionário fica suspenso".
A carta continua: ``Estando esse suspenso, não posso eu receber vantagens de um período aquisitivo outro que não o que exerço atualmente".
O diretor de Administração conclui que, ``dessa forma, não por ser imoral ou injusto, mas porque feito ao arrepio da lei então desconhecida, é que vou providenciar o ressarcimento ao banco dos recursos pagos a título de licença-prêmio e abono".
Almeida disse ainda que ``diversos diretores-funcionários do banco, no passado, se mantiveram recebendo (sic) direitos e vantagens". Acrescentou que vai levar ao governador uma preocupação: que esse equívoco possa estar sendo cometido por outros dirigentes de empresas do governo do Distrito Federal.
Sobre o alto salário que recebe, Almeida comentou: ``Não estou aqui pelo salário. Mas, se é esse o salário que o banco determina, recebe-lo-ei".
O salário é maior do que o do presidente da República -R$ 8.500. Pela Constituição, nenhum funcionário público pode ganhar acima disso. Almeida chegou à diretoria de Administração sem passar por nenhum cargo de chefia.

Texto Anterior: Governo do DF emprega 50 sindicalistas
Próximo Texto: "São quadros do partido"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.