São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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As bobagens sobre a tarifa

ADILSON LARANJEIRA

O vereador Odilon Guedes (PT) ocupou este espaço da Folha (20/6) para dizer bobagens sobre a tarifa de ônibus em São Paulo. Ele confunde três fatores que são distintos: o custo efetivo do transporte de passageiros, a remuneração fixada às empresas contratadas e a tarifa cobrada da população.
A auditoria que a Fundação Getúlio Vargas realizou, em 93, sobre os custos do sistema -mencionada pelo vereador- efetivamente levantou a possibilidade de se aplicar um redutor de 18,76%.
Só que este redutor não foi e não poderia ser aplicado sobre a planilha de custos, por conflitar com os parâmetros de apuração desses mesmos custos, previstos na Lei 11.037 de 91, a chamada Lei da Municipalização, promulgada ao tempo da ex-prefeita Luiza Erundina. O redutor foi aplicado, ao contrário, sobre a remuneração das empresas, por intermédio de um aditivo contratual negociado, com vigência limitada.
Assim, em maio de 94, o custo por passageiro era de Cr$ 930,62, a remuneração por passageiro de Cr$ 684,28 e a tarifa cobrada da população de Cr$ 590,00. Isto quer dizer que a prefeitura subsidiava e ainda subsidia o sistema, para reduzir o ônus da população.
Na transição para o Real, o custo por passageiro, apurado pela planilha tarifária, era de R$ 0,59, mas a tarifa foi fixada em R$ 0,50 e mantida neste valor por mais de um ano. Hoje o custo é de R$ 0,69, conforme planilha encaminhada à Câmara Municipal e que deveria ser do conhecimento do vereador, e a tarifa foi fixada pelo prefeito Paulo Maluf em R$ 0,65.
Na atualização deste custo a única variável foi o aumento salarial dos trabalhadores determinado pela Justiça do Trabalho, e não aumento de insumos e nem sequer a renovação da frota, que deverá ocorrer nos próximos meses.
Omitindo esses aspectos técnicos do problema, o vereador fala em transferência dos recursos públicos para as empresas privadas. Ora, isso ocorria abundantemente na gestão do PT na prefeitura, quando essas empresas recebiam por quilômetro rodado e não por passageiro transportado, e sugavam até meio milhão de dólares ao dia dos cofres municipais, sangria que foi estancada pelo atual governo.
De desvio de dinheiro público certamente entende o vereador Odilon Guedes, mas por prática e experiência própria ele foi condenado pela Justiça no início deste ano a devolver o dinheiro que recebia da Anhembi Turismo e da Prodam, empresas municipais, e que indevidamente acumulava com seus vencimentos de vereador.
Tem mais. Omite o vereador Odilon Guedes que o preço da tarifa de ônibus em São Paulo, ao longo dos últimos doze meses, foi exatamente o valor de R$ 0,50 estabelecido pelas prefeituras de Santos, São José dos Campos e Diadema -todas administrações petistas.
E até as pedras da rua sabem que os percursos nessas cidades são infinitamente menores que os de São Paulo. Para completar, no último dia 1º de junho, o governo petista de Brasília fixou em R$ 0,70 o preço da passagem de ônibus para os percursos internos no plano piloto (para as cidades satélites a tarifa é de R$ 0,90). É o caso de perguntar: tarifa nos olhos dos outros é refresco?

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