São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Novo Zagallo quer botar pra quebrar

ALBERTO HELENA JR.
ENVIADO ESPECIAL A RIVERA

Pelo que conheço do velho Zagallo, a tendência seria ele escalar para o jogo decisivo desta noite, contra a Argentina, Zinho e Túlio, mantendo André Cruz na quarta-zaga. Mas este é o novo Zagallo, que, juntamente com os jogadores, quer botar pra quebrar. Por isso, vai manter Leonardo e Edmundo, este devidamente instruído para não cair na armadilha do revide, que, por certo, nossos velhos e malandros rivais haverão de armar-lhe.
A presença de Leonardo no lugar de Zinho significa maior poder ofensivo e mais velocidade no meio-campo, sem que se perca o necessário nível de segurança.
Quanto a Edmundo, se conseguir jogar metade do que sabe, sem se perder nos desvãos do temperamento tortuoso, será uma festa. Além do mais, Túlio sempre estará à espreita, no banco, no caso de necessidade.
O certo é que jogaremos em cima dos erros da defesa argentina, que é extremamente vulnerável, como já demonstrou nesta Copa América até aqui. Contudo, sempre é um jogo. E, como tal...

No sábado, foi mesmo uma decisão. A tal ponto que, no instante da celebração do gol que deu a vitória ao Corinthians sobre a Lusa, no finalzinho do jogo, Marcelinho abraçou-se a Bernardo, berrando: ``Somos campeões!".
É cedo ainda. Mas o jogo teve mesmo esse tom, do início ao fim: lusos e alvinegros jogando no erro do adversário.
Por isso, ao longo de todo o primeiro tempo, a bola raramente chegava às áreas, embora a Portuguesa, mesmo com três volantes, se posicionasse mais à frente.
No segundo tempo, inverteu-se a situação. Mas chance de gol mesmo, irrefutável, teve Roque, cara a cara com o goleiro, que Ronaldo conjurou. Até que o abençoado pé direito de Marcelinho, em cobrança de falta, conferisse à bola tal efeito que ela saiu desviando-se das cabeças inimigas, das mãos de Paulo César, até chegar ao seu destino programado: a testa de Bernardo.
E aqui reservo um parágrafo para Bernardo, um volante que vi despontar no Marília, como um clone de Luís Pereira do meio-campo. Teve seu auge no São Paulo, de Cilinho, e, em seguida, mergulhou no ostracismo, embora passasse sem brilho pelo Vasco e pelo Internacional de Porto Alegre.
Hoje, é o principal jogador desse Corinthians que assume ares de campeão.

Foi um jogaço, com Palmeiras e São Paulo correndo sobre um fio de navalha.
Ambos apostaram num jogo mais franco do que o habitual e as chances de gol foram-se acumulando ao longo de toda a partida, de lado a lado.
No primeiro tempo, o tricolor foi mais agressivo -mas o Palmeiras, mais insinuante nos contragolpes.
Mas, logo no comecinho do segundo, o gol de Rivaldo, um gol de placa, definiu o placar. Mais que isso: apesar de o Mogi estar cercando o caminho do Palmeiras em direção à final, esse resultado sugere uma decisão para entrar na história do futebol paulista.
Tudo indica que Palmeiras e Corinthians estarão frente a frente, diante da taça. Traduzindo: ainda que por caminhos tortuosos, está se fazendo justiça.

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