São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Tango Press

JUCA KFOURI

Jornalista é um bicho engraçado. Se fosse feita uma pesquisa nas redações brasileiras, uma final entre Portuguesa e Mogi teria quase 100% das preferências.
Não porque os dois tenham os melhores times, mas pelo inusitado. É claro. Quem gosta de notícia, gosta de novidade, diria o profeta do óbvio.
Mas, mais do que da notícia, jornalistas gostam de ser gauche na vida e nada tão marginal como a tal sonhada final. Seria mesmo a que esse campeonato ridículo merece. Será?

Aconteceu aquilo que estava escrito há 40 mil anos. A Lusa foi melhor no primeiro tempo, como no primeiro jogo.
Célio Silva e Viola, duas referências fundamentais na coluna mestra do Corinthians, faziam mais falta que Edinho, o ótimo lateral da Portuguesa, muito bem substituído por Carlos Roberto.
Mas na hora H, a Lusa jogou com a bola queimando seus pés, incapaz de segurar o empate que parecia eminente.
Caio tinha saído em um lance em que Bernardo merecia o cartão vermelho e a Portuguesa, mais ofensiva que o Corinthians, queria porque queria que o jogo acabasse.
Aí, o esperado. Falta desnecessária em Zé Elias, cobrança bem feita por Marcelinho, falha do goleiro Paulo César na saída do gol e gol de quem?
De Bernardo, o gigante poliglota. Alguma novidade? Nenhuma. Não tem graça, mas tem sido assim desde 1910.
Corinthians é Corinthians, Portuguesa é Portuguesa. Portuguesa que, por sinal, por ser como é, acaba vista sempre com benevolência e falsa simpatia, do tipo ``a nossa querida Portuguesa" etc.
Ninguém chama o Palmeiras de querido, só é tratado assim quem não incomoda, quem nasceu para ser coadjuvante. Não é simpático nem politicamente correto dizê-lo.
É só verdade. Sorry.

Que jogaço em Ribeirão! Rivaldo derrotou Zetti, que jogou demais. Palmeiras e Corinthians. O cachorro mordeu o homem.

A Argentina adora um drama. Não fosse o tango, a expressão de sua alma.
A morte de Evita Perón; o acidente que matou Gardel; a desclassificação para a Copa de 70, num grupo com Peru e Bolívia; a prisão de Carlos Monzón; a Guerra das Malvinas; Maradona; Colômbia 5 a 0 em Buenos Aires; Estados Unidos 3 a 0.
Brasil 1 a 0 no Peru, 2 a 0 no Equador, 3 a 0 na Colômbia. 4 a 0 na Argentina? Cuidado. A Argentina adora dar a volta por cima.

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