São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995 |
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Debaixo do Equador A localização da base de Alcântara, no Maranhão, próxima à linha do Equador, diminui os gastos de combustível necessários para colocar um foguete em órbita. Mas não diminui os custos a ponto de tornar os projetos do Ministério da Aeronáutica financiáveis com recursos próprios. O ministério pretende arrendar a própria base, além de ``privatizar" as chamadas ``atividades periféricas", como exploração do porto, hotéis e restaurantes. A disposição à privatização é certamente louvável. Mas as dificuldades do projeto, tanto as gerenciais como também as de ordem geopolítica, não são desprezíveis. Afinal, a idéia de aceitar parceiros privados em áreas estratégicas, incluindo empresas estrangeiras, é oportuna. Mas a engenharia contratual desses consórcios é delicada e exige transparência total. Há também dificuldades geopolíticas. Há pouco o governo Clinton ameaçava Brasil e Rússia por causa de acordos para o desenvolvimento de tecnologia de mísseis. Os russos estiveram entre os primeiros interessados no uso da base de Alcântara, assim como chineses e alemães. Os EUA alertam contra países, como Brasil e Rússia, que não são signatários do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis. Enfim, privatizar bem Alcântara exigirá o máximo de atenção à eficiência e à transparência nos critérios de decisão dos investimentos. O que nunca foi o forte nos grandes projetos estratégicos situados abaixo do Equador. Texto Anterior: Paternidade disputada Próximo Texto: A rebelião dos incompetentes Índice |
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