São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Custo supera valor de mercado

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços de nove itens de materiais e serviços pagos na Carvalho Pinto, segundo auditoria em curso no governo de São Pulo, superam em até 346% os de mercado.
Em média, os valores pagos pela Dersa na construção da rodovia são 51,4% mais altos em comparação com o mercado.
Orçada em R$ 360 milhões, em 1990 (governo Orestes Quércia), e reajustada para R$ 446 milhões, em 1991, a estrada vai custar R$ 1,6 bilhão.
O ex-governador Fleury alega que recebeu a estrada custando R$ 1,2 bilhão e que tentou negociar com empreiteiros redução para R$ 880 milhões.
A Carvalho Pinto teve três aditamentos que elevaram o preço da obra em 266,5%. Os reajustes ocorreram em 92, 93 e 94 -todos no governo Fleury.
Esses aumentos infringem a antiga (1986) e a nova (1993) Lei das Licitações. Segundo essas leis, os aditamentos realizados em obras públicas não podem ultrapassar 25% do valor inicial do contrato.
O elevado custo da Carvalho Pinto fez com que o preço por quilômetro do primeiro trecho da estrada tenha custado 368% mais caro do que o valor do quilômetro do último trecho da rodovia Ayrton Senna (antiga Trabalhadores).
A Carvalho Pinto é continuação da Ayrton Senna. Seu primeiro trecho foi construído em condições semelhantes às do último trecho da Ayrton Senna.
Em junho de 1982, o governo pagou o equivalente a R$ 4,7 milhões (valor atualizado) por cada quilômetro do último trecho da Ayrton Senna. Já o custo por quilômetro da Carvalho Pinto é de R$ 22 milhões.
Devido a suspeitas de superfaturamento, três ex-presidentes da Dersa já respondem a ação civil pública. A Folha não localizou ontem os ex-presidentes Paulo Antonio Bonomo, Antonio Márcio Meira Ribeiro e Álvaro Gabriele.
(AL)

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